Brasil: índios manifestam-se pela preservação de suas tradições e terras

Idioma Portugués
País Brasil

Comemorações pelo dia do índio não se restringem mais apenas ao dia 19 de abril e ganham cada vez mais contornos políticos

As comemorações pelo dia do índio não se restringem mais apenas ao dia 19 de abril. Assim como as populações nas aldeias, a agenda de eventos também cresceu, e já é chamada de “abril indígena”. Uma festa anual em Bertioga, no litoral paulista, faz parte desse calendário. A Festa Nacional do Índio, além das típicas apresentações culturais, ganha cada vez mais contornos políticos. Não faltaram reivindicações nas áreas da saúde, questão fundiária e meio ambiente. Os indígenas, durante todos os dias do evento, chamaram a atenção para a necessidade da preservação das tradições, de valorização das línguas indígenas, e ainda aproveitaram para alertar sobre um sério problema: o aumento acelerado dos conflitos por terras.

A festa, que ocorreu entre 19 e 22 de abril, recebeu cerca de 700 índios de 14 etnias, além de instituições e lideranças indígenas em diversas apresentações e seminários e centenas de visitantes. Para Andréia Lorena, integrante da Associação para o Desenvolvimento Cultural Indígena da região de Araxá, Minas Gerais - ANDAIA, o evento é uma oportunidade de divulgar a cultura indígena e, assim, colaborar para a preservação dessas tradições. “O índio tem muita história para contar, precisamos ouvi-los”, diz Lorena.

As reivindicações dos indígenas também constam de um relatório produzido por lideranças reunidas no IV Acampamento Terra Livre, em Brasília, outro evento do Abril indígena. Entre os temas em destaque, a solicitação de providências contra os danos provocados pelas atividades do agronegócio e a questão fundiária. De acordo com o documento, a morosidade dos processos de demarcação das terras ocupadas pelos indígenas, os impactos diretos ou indiretos de grandes empreendimentos como hidrelétricas e estradas nas aldeias, coloca em risco a continuidade física e cultural desses povos.

Essa é uma das preocupações de Antônio Karaí, integrante da aldeia guarani Ribeirão Silveira, localizada entre os municípios de Bertioga e São Sebastião “É importante que a diversidade cultural dos indígenas seja mostrada, mas o nosso objetivo maior é a demarcação de terras”, afirma. Outro representante preocupado com a questão fundiária é Timbira, pataxó da Bahia, “Nossa terra está nas mãos de pessoas que tem dinheiro, nós já perdemos muitos parentes em conflitos”, conta. Apesar das adversidades ele não se deixa abater. “Mesmo com tantos problemas, nosso povo é muito alegre”.

Carta Maior, Brasil, 14-05-07

 

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