Brasil: indígenas resistem a ameaça de despejo em território tradicional

Idioma Portugués
País Brasil

Cerca de 40 famílias da etnia Guarani Kaiowá resistem na comunidade Laranjeira Nhanderú, área de preservação permanente da Fazenda Santo Antônio da Nova Esperança, no Mato Grosso do Sul. Eles reivindicam a posse da terra de seus ancestrais

Hoje (26) à tarde, funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai) devem ir à região para dialogar com os indígenas sobre a ordem de despejo emitida pelo juiz federal substituto Márcio Cristiano Ebert. A Funai está encarregada de retirar os indígenas do local.

 

Essa é a terceira ordem de despejo recebida pelas famílias, que esperam pela publicação do relatório de demarcação da terra desde 2009. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), os estudos em curso indicam que parte da Fazenda Santo Antônio da Nova Esperança é área de ocupação tradicional dos indígenas.

 

O coordenador regional do Centro Indigenista Missionário (Cimi), Flavio Machado, conta que além de serem ameaçados pelos fazendeiros, os indígenas não teriam para onde ir. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) ofereceu um terreno, que de acordo com Flavio, não é considerado como hipótese para os indígenas pois é um local sem árvores e mata.

 

O Dnit é o responsável pela retirada dos indígenas que estavam acampados na beira da BR-163. Flavio aponta a contradição: o órgão proibe a permanência dos indígenas às margens da rodovia enquanto permite o plantio de monocultivos na área. Após serem retirados da beira da estrada, os indígenas voltaram a ocupar a Fazenda.

 

Os indígenas foram retirados da região pela primeira vez há 70 anos, mas desde então as novas gerações buscam retomar o território tradicional. Eles esperam pela conclusão do relatório de demarcação do local.

 

Ainda segundo Flavio, a demora da Funai em concluir a demarcação das terras indígenas nesta região do Mato Grosso do Sul se deve a falta de vontade política do governo federal, que teria preferido “negociar com o agronegócio em detrimento dos direitos dos povos indígenas.”

 

Púlsar Brasil, Internet, 26-9-11

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