Brasil: hidrelétrica de Estreito deixa famílias assentadas sem água

Idioma Español
País Brasil

As 104 famílias do assentamento Brejo da Ilha do MST, no Maranhão, vem sofrendo com os efeitos nefastos da implantação e funcionamento da Usina Hidrelétrica de Estreito

“Desde que foi construída a barragem perdemos acesso ao rio, não podemos mais pescar, banhar, pegar água”, afirma o assentado Alberto dos Reis.

Além de perderem o acesso ao rio, os assentados viram 50% da Reserva Legal do assentamento ser submergido pela água. “Parece brincadeira. Se fosse nós que tivéssemos devastado, o Ibama nos puniria, mas como foi a hidrelétrica nada acontece”, reclama o engenheiro agrônomo Manoel Antonio, morador do Brejo da Ilha.

Sem serem contatados pelo Consórcio Estreito de Energia (Ceste) formado pelas empresas Suez Energy, Vale, Alcoa e Camargo Corrêa, as famílias só tinham acesso as informações sobre a hidrelétrica pelo Incra. “O Incra foi escolhido pela Ceste para intermediar as negociações, tanto é que nunca fizeram uma reunião aqui no assentamento. Tudo era decidido em Tocantins”, revela Manoel.

Beneficiados

Para a professora de Ciências Sociais da Universidade Federal de Tocantins (UFT), Rejane Medeiros, trata-se “de um caso de privatização da água, um bem natural sendo utilizado a favor da minoria que controla a água na região para gerar energia para seu próprio beneficio”.

Na época da construção da hidrelétrica de Estreito, ficou acordado entre as famílias, o Incra e a Ceste um projeto de irrigação para que chegasse água às lavouras e nos lotes. "Mas isso não foi atendido e, cercado por tanta água vivemos na seca, pois os poços que temos não dão conta de nossa demanda para plantio e moradia”, lamenta Manoel.

Indenização

Outro ponto observado pela professora é que as famílias teriam que ser indenizadas, “antes de qualquer coisa, pelo fato de terem perdido o acesso ao rio”.

O consórcio indenizou apenas cinco famílias que tiveram seus lotes inundados pela água. “Essas foram para a cidade contrariadas, perderam suas benfeitorias na roça e vivem com dificuldades fora do campo”, diz Manoel.

Alberto Reis, morador do assentamento desde o principio há 14 anos indigna-se: “água é saúde é vida e nós ficamos sem direito a isso”.

Minga Informativa, Internet, 8-6-11

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