Brasil: desmate na Amazônia cresce 15% em um ano
O desmatamento na Amazônia Legal cresceu 15,69% em um ano, de acordo com dados divulgados ontem pelo o Ministério do Meio Ambiente (MMA)
A área devastada entre julho de 2010 e agosto - ano-calendário para essa medição - foi de 2.654 quilômetros quadrados (km2), ante 2.294 km2 em igual período anterior. O avanço no nível de devastação da mata nativa foi ainda maior nos últimos seis meses do ano-calendário, quando 1.398 km 2 - 48,4% a mais que no período anterior - de floresta foram perdidos. Isso equivale ao tamanho de quatro capitais juntas: Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Vitória.
A reportagem é de Thiago Resende e publicada pelo jornal Valor, 04-10-2011.
No ano, até agosto, Mato Grosso, Rondônia, Acre e Tocantins apresentaram avanço na degradação da floresta na comparação com o ano anterior, de acordo com informações do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Sozinho, o Estado de Mato Grosso devastou, até agosto deste ano, 769 km 2, quase a área total desmatada em todos os outros Estados da Amazônia Legal - 813 km 2.
Um dos motivos dessa expressiva retirada da floresta foi a lei de zoneamento aprovada pelo governo de Mato Grosso, em abril, explicou o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Ramiro Hofmeister. A lei que flexibiliza a conservação de reservas legais em algumas áreas do Estado, deve ainda ser aprovada pelo ministério.
A ministra Izabella Teixeira já pediu para o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) não aprovar a lei estadual. O texto pode ser reenviado ao governo estadual para adaptação. Ao anistiar os produtores rurais que haviam desmatado até fim de abril deste ano, houve uma corrida para reduzir a área de reserva legal ao percentual menor permitido pela lei, disse o coordenador geral de Zoneamento e Monitoramento Ambiental do Ibama, George Porto Ferreira. A legislação do Estado reduziu, de 80% para até 50%, a parte da propriedade que deve ser preservada.
Após esse "repique" no desmatamento do Estado, o governo instalou um gabinete de crise, em maio. Com esse trabalho, segundo a ministra, foi possível reduzir o ritmo de crescimento da retirada da mata nativa. Ontem, foi divulgada redução de 38% na área devastada no mês de agosto, em comparação com o mesmo mês de 2010.