Brasil: contaminando o poço e acabando com as frutas
Será um grande risco se variedades com o gene “terminator” forem introduzidas e autorizadas para plantação em nosso país
O mais novo lance das multinacionais produtoras de transgênicos é patentear e vender sementes de “terminator” ou sementes suicidas. São variedades cujas sementes não germinam para dar nova colheita.
Em vista dessa estratégia, o agricultor passa a ser obrigado a comprar das multinacionais, todos os anos, as sementes de que precisará para nova safra, pois as sementes produzidas com gene “terminator” nunca germinarão.
Este tipo de variedade é proibido pela Convenção sobre Biodiversidade das Nações Unidas, pois o gene “terminator”, ao contaminar as variedades nativas ou as espécies silvestres, destrói todas as suas reservas gênicas e todos os conjuntos gênicos das populações nativas e silvestres. Sobra apenas a variedade com o gene “terminator”.
As variedades com o gene “terminator” adicionam mais uma página à corrida das multinacionais para ganhos rápidos e proporcionando grandes riquezas para seus acionistas, que não prestam a atenção ao atual interesse humano e das futuras gerações.
O fato mais grave é que essas corporações pressionam alguns paises, como o Canadá, para aprovar esse tipo de patente e permitir a sua comercialização.
Será um grande risco se variedades com esse gene forem introduzidas e autorizadas para plantação em nosso país.
Algumas das culturas brasileiras mais importantes, como o milho e algodão, são altamente ou parcialmente alogamas.
Ambas as culturas têm suas variedades nativas e indígenas, que contém a maior riqueza da biodiversidade conhecida em nosso planeta.
Introduzir variedades com gene “terminator” dessas culturas no Brasil significa contaminar suas linhagens indígenas e nativas, tornando-as estéreis sem que se propaguem. E, assim, perdemos para sempre a maior reserva genética conhecida do mundo.
As corporações não só contaminam o poço, mas também acabam com as frutas.
Curitiba hospeda em março de 2006 a Conferência das Nações Unidas sobre a biodiversidade. Apelamos para que as nossas autoridades votem pela proibição dessas variedades assassinas e dêem um basta às corporações multinacionais.
Basta de contaminar o poço e assassinar as frutas!
JC e-mail, Internet, 31-10-05