Brasil: agrotóxicos ''severamente perigosos'' serão proibidos no País
A decisão sobre a restrição aos três produtos químicos foi tomada na semana passada por representantes de 75 países, reunidos na Convenção de Roterdã
Dos três agrotóxicos que sofrerão restrições na comercialização por estarem associados a prejuízos à saúde, dois (endossulfam e aldicarbe) estão em processo de retirada no Brasil. O terceiro (alacloro) está em fase da avaliação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A reportagem é de Lígia Formenti e publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, 29-06-2011.
A decisão sobre a restrição aos três produtos químicos foi tomada na semana passada por representantes de 75 países, reunidos na Convenção de Roterdã. Com isso, esses agrotóxicos passam a ser considerados "severamente perigosos" e, a partir de outubro, terão de ser submetidos a regras rígidas para a venda.
Ratificada pelo Brasil em 2004, a Convenção de Roterdã regula o comércio internacional de produtos químicos perigosos. Durante o encontro, nações também discutiram a proposta de uso controlado e do banimento do amianto de crisotila, mas não chegaram a um acordo.
Para haver uma decisão, é preciso consenso entre todos os participantes. A posição do Brasil foi criticada: a delegação preferiu a neutralidade, considerada uma aposta na falta de acordo. Para ativistas na luta contra banimento do produto, classificado com cancerígeno, o País perdeu uma oportunidade histórica. De quebra, recebeu o prêmio "Culpado por Provocar Câncer", promovido pela uma organização não governamental. Em relação aos agrotóxicos, o Brasil defendeu a restrição do comércio.
"Os países precisam saber e assumir os riscos a que estão expostos quando comercializam esses produtos", avalia o gerente-geral de toxicologia da Anvisa, Luiz Cláudio Meirelles. Com a mudança, rótulos terão de apresentar informações claras sobre os perigos de seu uso à saúde.
O comércio do endossulfam será banido a partir de 2013. A retirada programada do produto foi determinada pela Anvisa em 2010. O aldicarbe (conhecido por seu uso irregular na formulação do "chumbinho") teve seu uso restringido pela agência e, em dezembro, a fabricante decidiu suspender sua venda.
"Esse agrotóxico, usado em poucas culturas e por um número bastante restrito de produtores, deverá permanecer no mercado até meados deste ano, quando o estoque deve se esgotar", disse Meirelles. O alacloro está em fase de revisão pela Anvisa. A expectativa é de que a retirada do produto seja determinada.