Brasil: Via Campesina denuncia “mensalão” do agronegócio
Vinte e seis bilhões de reais. Esse é o tamanho da dívida que produtores rurais ligados ao agronegócio têm com o Tesouro Nacional e que pode, no final das contas, ser paga com dinheiro público
A denúncia é da Via Campesina, entidade que reúne movimentos sociais do campo em todo o mundo, que divulgou um documento sobre o assunto.
No texto, a Via afirma que o orçamento anual da Reforma Agrária do governo federal tem praticamente o mesmo valor dos juros das dívidas do latifúndio anteriores a 1995 e pagos pelo Tesouro. Por isso, os movimentos sociais denunciam a existência de “um verdadeiro mensalão do agronegócio”.
Do total de R$ 26 bilhões, R$ 8 bilhões são de dívidas já renegociadas, e não pagas. Os outros R$ 18 bilhões se referem aos empréstimos que vencem até 2025 e que foram renegociados três vezes durante o mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. E a maior parte dessas dívidas é com o Banco do Brasil, do Nordeste e da Amazônia, ou seja, bancos públicos.
Além de classificar esses débitos reunidos em apenas 50 mil contratos como “impagáveis” e definir o agronegócio como “economicamente inviável", a Via Campesina denuncia que os subsídios do governo federal para o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento à Agricultura Familiar) se limitam a R$ 1 bilhão por ano. Sendo que essa verba atende mais 1,6 bilhão de pequenos agricultores e assentados da Reforma Agrária.