Brasil: Monsanto confirma, vai cobrar royalties em MS
A multinacional Monsanto, detentora da patente da soja transgênica, confirmou que fará a cobrança de royalties ? que a empresa prefere denominar cobrança por uso indevido da tecnologia ? da produção de soja geneticamente modificada referente à safra 2004/05
Informa, porém, que o valor ainda está em discussão. A cobrança contraria as perspectivas do setor produtivo, que esperava ficar livre da taxa, a exemplo da safra passada, quando foi lançado o primeiro termo de adesão para plantio de transgênicos.
No ano passado o valor estipulado foi de R$ 0,60 por saca comercializada, o que corresponde a 50% do pretendido, devido à fase inicial de regularização da soja transgênica no País. Em uma hipótese de manutenção, isso significaria R$ 10,8 milhões em royalties considerando uma área plantada estimada em 400 mil hectares e a produtividade de 45 sacas por hectare.
Por outro lado, ainda hipoteticamente, se considerar que a Monsanto estaria pretendendo para esta safra aplicar integralmente os R$ 1,20 por saca, os produtores de Mato Grosso do Sul estariam recolhendo R$ 21,6 milhões para a multinacional.
O valor correto da cobrança, porém, ainda deve ser decidido e está em discussão com a classe produtora. O setor argumenta que a situação este ano é difícil, devido à queda drástica na cotação da soja, com a superprodução mundial, puxada pela safra norte-americana. Hoje em Mato Grosso do Sul, por exemplo, o valor da saca oscila de R$ 27,00 a R$ 30,00 quando em 2004 chegou a bater R$ 52,00. Até ontem à tarde a DFA (Delegacia Federal de Agricultura) recebeu em Mato Grosso do Sul 970 termos de compromisso de produtores que vão plantar soja geneticamente modificada, correspondentes a 175 mil hectares.
Porém a Aprossul (Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso do Sul) estima que a área plantada chegue a 400 mil, somando o que for clandestino. A cobrança de royalties pela Monsanto ocorre através de parceria com as trades, que recebem e fazem a análise do produto para verificar se é ou não transgênico.
Campo Grande News, Internet, 1-2-05