Brasil: Marina Silva diz que é preciso aprender com agricultores familiares
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse nesta terça-feira (23) que os conhecimentos tradicionais de agricultores familiares são "altamente relevantes" para as novas práticas de desenvolvimento sustentável no país
No entendimento da ministra, é fundamental investir em cursos de capacitação e assistência técnica voltados para esses agricultores, mas é preciso que essa relação não seja de "mão única".
"Aqueles que vão dar esses treinamentos têm que fazê-lo com muita humildade, porque essas pessoas têm conhecimentos tradicionais associados ao manejo da terra, ao manejo dos recursos naturais, têm uma percepção muito fina em relação aos serviços ambientais que a natureza presta. Então, não é uma relação de mão única, é uma troca entre aqueles que têm um outro olhar do ponto de vista da técnica e aqueles que têm uma outra ciência, que é a ciência do manejo dos recursos", destacou.
A ministra participou da abertura do Seminário Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável, que também contou com a presença do ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, além de representantes de governos estaduais, de cooperativas, professores, pesquisadores e lideranças sindicais. No entendimento de Marina Silva, os critérios de sustentabilidade têm que ser inseridos na atividade econômica do país. "Não estou me referindo apenas aos investimentos públicos, mas também aos investimentos privados", enfatizou.
Em seu discurso, a ministra afirmou que, além da sustentabilidade ambiental e econômica, outra preocupação diz respeito à sustentabilidade cultural das comunidades. "Não queremos desconstituir a cultura, a relação, a forma de viver e de produzir, abruptamente, das comunidades e da agricultura familiar. Nós queremos que seja um processo de transformação, de dentro para fora, em que as pessoas preservem aquilo que é mais importante, que é a sua cultura".
Já o presidente da Contag - Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura, Manoel dos Santos, destacou que a "a palavra sustentabilidade é muito usada no país, mas é pouco praticada, tanto do ponto de vista da sustentabilidade econômica como da preservação dos recursos naturais".