Brasil: Ibama lança campanha nacional contra a biopirataria
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis lançou uma Campanha Nacional contra a Biopirataria. Folhetos, cartazes e adesivos vão ser distribuídos à população em escolas, aeroportos e universidades. O objetivo é esclarecer a sociedade sobre os prejuízos causadas pelo comércio ilegal dos recursos naturais e incentivar a participação social no combate a essa prática
"É fundamental que nós chamemos a população para junto de nós porque só com a ação conjunta que o controle das grandes agressões ambientais vai se dar", afirmou o presidente do Ibama Marcus Barros.
Ao lançar a campanha, Barros destacou que a própria ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, já foi afetada pela biopirataria. "No final do século 18, um inglês contrabandeou as sementes de seringueira para a colônia da Malásia. Se não tivesse havido biopirataria, os seringais não teriam se destruído".
Presente à cerimônia, Marina Silva contou que, na infância, catava sementes de seringueira que eram contrabandeadas para a Malásia. "Com mais ou menos cinco anos, perguntava para meu pai porque tínhamos que juntar semente de seringueira. E ele dizia que achava que era para fazer sabão", contou a ministra. "Não era para fazer sabão, era para vender para alimentar o banco de germoplasma da Malásia. Na minha inocência, eu estava de alguma forma contribuindo para acabar com o ganha-pão do meu pai quando faliram os seringais nativos da Amazônia".
A ministra destacou que o Brasil faz parte do grupo de 17 países com grande biodiversidade, respondendo por 22% das espécies vivas do mundo. Além disso, o país possui a maior floresta tropical e concentra 18% da água doce disponível no planeta.
Para Marina Silva, o país precisa aprender a usar essa riqueza natural para promover o desenvolvimento econômico e social. "O desafio do nosso governo é fazer com que o meio ambiente possa dialogar com a dinâmica do desenvolvimento". Um dos instrumentos para isso, segundo ela, será a lei que vai regulamentar o acesso aos recursos genéticos brasileiros. Ela informou que o projeto já está em revisão na Casa Civil e deve ser enviado em breve ao Congresso Nacional.
O símbolo escolhido pelo Ibama para a campanha contra a biopirataria é a rã Phyllomedusa oreades, de coloração predominantemente verde, encontrada somente no Planalto Central. Esse animal traz em sua pele um princípio ativo com potencial para o combate ao parasita que provoca a doença de Chagas e que foi patenteado no exterior. (Cecília Jorge/ Agência Brasil)