Brasil: violência contra indígenas endurece no Mato Grosso do Sul

Idioma Portugués
País Brasil

A presidência e o Conselho do Cimi (Conselho Indigenista Missionário) manifestam mais uma vez sua preocupação em relação à violência contra o povo Kaiowá Guarani, que tem características de um genocídio

É o que se pode constatar com o assassinato de Xuretê Julita Lopes e com o atentado contra Valdecir Ximenes.

Os crimes foram cometidos por milícias armadas contratadas por fazendeiros, que retiraram à força um grupo que havia retornado ao seu tekoha (terra tradicional). Quatro índios continuam presos, após um incidente resultado de ataque de milícia armada.

Além da violência física, a comunidade foi duramente atingida por uma longa espera: aguardou cinco dias por uma autorização judicial para o enterro de Julita, de 73 anos, no local em que foi assassinada. As decisões da Justiça Federal em Ponta Porã e do Tribunal Federal Regional, em São Paulo, negaram aos índios o direito de sepultar a anciã no local em que morreu.

O Cimi denuncia a ação dos fazendeiros que contratam jagunços, seguranças privados e pistoleiros para resolver à força a questão das disputas sobre terras. Os Kaiowá Guarani nada mais buscam do que seu o direito constitucional às áreas das quais foram expulsos.

Repudiamos essa mentalidade que concebe como “direito natural” a expropriação de terras indígenas, negando a reprodução da vida à inúmeras famílias que se sustentam através da terra, com base em culturas milenares.

É assustadora a certeza da impunidade com que vêm agindo esses grupos armados. Os matadores continuam soltos, enquanto dezenas de índios estão presos. É preciso uma ação enérgica e eficaz da Polícia Federal e da Justiça para que não continuem sendo estimulados tais atos criminosos.

Toda essa situação só começará a mudar se houver uma ação rápida do Governo Federal para regularizar e garantir aos Kaiowá Guarani suas terras. É uma afronta constatar que quase todos os processos de regularização das terras indígenas no Mato Grosso do Sul estão paralisadas por ações judiciais, e que a Funai tem se omitido sistematicamente a criar grupos de trabalho para identificar mais de uma centena de tekohas (terras tradicionais) que aguardam por essa providência.

MST Brasil, Internet, 16-1-07

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