Avicultores cearenses recebem 21 mil toneladas de milho transgênico

O milho transgênico da Argentina vai chegar no Ceará. O navio Argenmar Madryn, que está sendo aguardado amanhã no Porto de Fortaleza, vem trazendo 21.000 toneladas de milho geneticamente modificado para abastecer os avicultores locais

"O Ministério da Agricultura e de Abastecimento só liberou o descarregamento do produto devido ao parecer do presidente do Tribunal Superior de Justiça, juiz Juiz Paulo Costa Leite, autorizando o uso do milho transgênico para ração animal", informou o delegado Federal de Agricultura no Ceará (DFA-Ce), Francisco de Assis Bessa Xavier.

A entrada do milho transgênico no Ceará será acompanhada de perto pelos fiscais federais agropecuários, que também estarão presentes durante a estocagem e o processamento final doque transforma o produto em ração animal. A liberação concedida pela Justiça também se aplica aos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas e Sergipe.

O delegado da DFA-CE, Bessa Xavier esteve reunido, durante toda a manhã, com representantes dos avicultores, Companhia Docas do Ceará, da Secreataria de Desenvolvimento Rural e da Tergran para tratar sobre os procedimentos que devem ser adotados para a importação e uso do milho transgênico, seguindo os critérios definidos pela Comissão Técnica Nacional de Bio-Segurança (CTNBio).

Os avicultores cearenses temiam que o milho ficasse retido no porto como ocorreu com as 38 mil toneladas de milho transgênico, também importados da Argentina, que só foram descarregadas após a decisão judicial, tomada no último dia sete. O secretário executivo da Associação Cearense de Avicultura (Aceav), Sebastião Medeiros Neto, disse que das 21 mil toneladas de milho argentino, 15 mil toneladas serão usadas para ração animal e 5 mil toneladas para moageiras. O valor da operação de importação atinge um montante de US$ 2,4 milhões e vai atender a demanda de um mês de 18 empresas locais.

PARECER TÉCNICO - A polêmica em torno dos alimentos transgênicos levou o Ministério da Agricultura e do Abastecimento e a Secretaria de Defesa Agropecuária a solicitar um parecer técnico sobre segurança alimentar do milho geneticamente modificado. Após as análises, que detectaram a presença de toxinas no milho importado da Argentina, a CTNBio concluiu que não há indicações de que os grãos de milho geneticamente modificados.

Ficou determinado ainda que o descarregamento de grãos transgênicos deverá ser feito em unidades localizadas em portos e postos de fronteira onde existam Serviços de Vigilência Agropecuária Internacional do Ministério da Agricultura e do Abastecimento, adotando práticas cuidadosas de contenção, inclusive em caso de eventual e temporário armazenamento. O transporte deve ser realizado em transportadores graneleiros ou em veículos que garantam a segurança do produto, de modo a evitar a dispersão ambiental dos grãos durante o percurso.

Diário do Nordeste, 27 de julho de 2000

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