Aumenta a pressão global contra os transgênicos
São Paulo (Brasil) e Paris (França) — No Brasil, decisão da Justiça suspende a liberação de milhos transgênicos enquanto a CTNBio não elaborar medidas de biossegurança que garantam a coexistência com variedades convencionais. Na França, ativistas estendem banner no Arco do Triunfo exigindo a eliminação dos transgênicos do país
Nos últimos dias, a pressão contra os transgênicos ganhou força em diversas partes do mundo em ações realizadas por ativistas do Greenpeace e por determinações judiciais que garantem a biossegurança da população e do meio ambiente.
No Brasil, a Justiça deu uma dura na Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) e suspendeu a liberação de milhos transgênicos no país até que normas de coexistência sejam elaboradas. Na França, ativistas exigem que o governo de Nicolas Sarkozy torne o país livre de organismos geneticamente modificados. Na Austrália e Romênia, produtos fabricados com transgênicos e vendidos irregularmente ao consumidor são denunciados por ativistas do Greenpeace.
Na sexta-feira passada (dia 19 de outubro), a Justiça Federal do Paraná decidiu que a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) não pode liberar nenhuma variedade transgênica de milho no Brasil enquanto não elaborar medidas que garantam a coexistência com variedades orgânicas, convencionais e ecológicas. Isso vale para o milho da Monsanto (MON810), Bayer (Liberty Link) e Syngenta (Bt11). Caso a decisão da juíza Pepita Durski Tramontini Mazini não seja respeitada, a CTNBio está sujeita a multa diária.
Enquanto isso, do outro lado do Atlântico, o canto da sereia transgênica encanta cada vez menos. O governo francês está a um passo de abolir plantações transgênicas no país - notadamente do milho MON810, da Monsanto, única variedade geneticamente modificada autorizada para cultivo na Europa. Áustria, Alemanha, Grécia, Hungria e Polônia já aboliram essas plantações e outros países da União Européia estão prestes a seguir o mesmo caminho.
Para dar uma forcinha ao governo francês na tomada dessa decisão tão importante para a biossegurança da população local, ativistas do Greenpeace penduraram nesta terça-feira um banner gigante no Arco do Triunfo, em Paris, pedindo a eliminação total de transgênicos na França. O governo francês deve decidir sobre o assunto nos próximos dias.
O ministro do Meio Ambiente Jean-Louis Borloo declarou recentemente no jornal Le Monde (ver aqui, para assinantes e texto em francês) ser favorável ao congelamento de aprovações a plantações transgênicas na França.
"O governo francês deveria se juntar a outras nações européias e proibir organismos geneticamente modificados", afirma Arnaud Apoteker, da campanha de Engenharia Genética do Greenpeace França. "Plantações transgênicas trazem riscos imprevisíveis para o meio ambiente, saúde pública e economia", diz Apoteker.
Estudos científicos que mostram impactos adversos provocados pelo milho MON810 levaram o ministro alemão para a Proteção do Consumidor e Segurança Alimentar a escrever para a Monsanto no início deste ano expressando "razões legítimas para assumir que o cultivo do MON810 representa um perigo para o meio ambiente."
Na Romênia, ativistas confiscaram diversos pacotes de pão produzido com soja geneticamente modificado das prateleiras do Carrefour da capital Bucareste. No rótulo, nenhum aviso de que se tratava de um produto fabricado com matéria-prima transgênica, num claro desrespeito ao consumidor. Segundo pesquisa realizada este ano, 2/3 dos romenos rejeitam os alimentos produzidos com transgênicos.
Já os ativistas do Greenpeace Austrália invadiram os escritórios da maior empresa de laticínios do país para protestar contra a falta de cuidado dela com a alimentação das vacas. Apesar da ração dos animais conter 5% de grãos geneticamente modificados, a empresa insiste em se dizer livre de transgênicos. A empresa também tem trabalhado pelo fim da moratória aos transgênicos na região de Melbourne.
Por Redação do Greenpeace