Acampamento em Brasília denuncia que transposição só vai favorecer o agronegócio
Cerca de 600 pessoas dos diversos movimentos sociais, populações tradicionais e entidades contrárias transposição das águas do Rio São Francisco estão acampadas em Brasília (DF) desde a última segunda-feira (12)
O acampamento ficará montado na Praça das Fontes até esta sexta-feira (16). O protesto é uma forma de resistência à execução deste projeto do governo federal que vai transferir as águas do São Francisco para abastecer pequenos rios e açudes do Nordeste que sofrem com a seca. Durante toda a semana estão sendo feitas audiências nos órgãos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, além de debates e manifestações.
As organizações populares querem que o governo leve em consideração informações como as divulgadas em um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), que diz que a transposição não vai atender a população prevista no projeto. Para Lourival de Aguiar, integrante do fórum de organizações da sociedade civil -Articulação no Semi-Árido Brasileiro (Asa Brasil) a transferência das águas do “Velho Chico” vai favorecer as práticas do agronegócio.
“O projeto não cumpre os próprios objetivos para os quais ele se propõe, que é dar água para 12 milhões de nordestinos. Ele vai dar água para os carcinicultores (criadores de camarão), para a fruticultura irrigada. Não vai matar a sede dos nordestinos. É uma indústria da seca modernizada. O que a Asa tem claro é que este projeto de transposição é totalmente contra os interesses da agricultura familiar e dos assentamentos. Ele é a favor de uma pequena parte das elites”.
A obra da transposição depende somente da liberação ambiental. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, em reunião com representantes dos movimentos sociais acampados em Brasília, nesta quarta-feira (14), afirmou que todas as exigências para conceder esta licença estão sendo respeitadas e que isto não dependerá de uma decisão política e sim técnica.