73% das lavouras transgênicas, plantadas em 2002, estão em países industrializados

Durante 2002, a área global de lavouras transgênicas manteve-se em crescimento pelo sexto ano consecutivo, com taxa de crescimento contínua superior a 10%.

A área total estimada de lavouras transgênicas ou geneticamente modificadas (GM) para 2002 é de 58,7 milhões de hectares ou 145 milhões de acres plantados, por cerca de 5,5 a 6 milhões de agricultores em 16 países.

Em 2001, os produtores eram aproximadamente 5 milhões em 13 países. A expansão da área de cultivo entre 2001 e 2002 foi de 12%, o equivalente a 6,1 milhões de hectares ou 15 milhões de acres.

Durante o período de sete anos, entre 1996 e 2002, á área global de lavouras transgênicas aumentou 35 vezes, saltou de 1,7 milhão de hectares em 1996 para 58,7 milhões de hectares em 2002. Mais de um quarto (27%) da área global de lavoura transgênica - equivalente a 16 milhões de hectares - foi plantado em países em desenvolvimento, onde o crescimento se manteve alto.

Enquanto o crescimento absoluto em área de cultivo GM entre 2001 e 2002 foi maior em países industrializados - 3,6 milhões de hectares - a percentagem de crescimento foi mais que o dobro em países em desenvolvimento do Sul (19%) comparado aos países industrializados do Norte(9%).

Em 2002, os quatros principais países produtores cultivaram 99% da área global de lavouras transgênicas. Os EUA cultivaram 39 milhões de hectares (66% da área total), seguidos da Argentina, com 13,5 milhões de hectares (23%), Canadá, com 3,5 milhões de hectares (6%) e China, com 2,1 milhões de hectares (4%). Entre os quatros líderes de cultivo (GM), a China teve o maior crescimento anual, com 40% de aumento em sua área de algodão Bt - 1,5 milhão de hectares em 2001 para 2,1 milhões de hectares em 2002, equivalente a 51% da área total de algodão que é de 4, 1 milhões de hectares.

Trata-se da primeira vez que a área de algodão Bt na China excede mais que a metade da área total de algodão. Mesmo com a crise econômica na Argentina, a área de lavoura GM cresceu 14% de 11,8 milhões de hectares em 2001 para 13,5 milhões de hectares em 2002. Tantos nos EUA, com 3,3 milhões de hectares cultivados como no Canadá, com 0,3 milhões de hectares, a área plantada registrou crescimento de 9%.

A área de cultivo de transgênicos na África do Sul cresceu mais de 20 % alcançando 0,3 milhões de hectares. A área de Algodão GM na Austrália foi reduzida pela metade. A retração decorre da pior seca das últimas décadas, que reduziu pela metade a área total de plantio de algodão no país. Três países - Índia, Colômbia e Honduras - cultivaram lavouras transgênicas pela primeira vez em 2002.

A Índia, país com maior área de cultivo de algodão no mundo com 8,7 milhões de hectares - equivalente a 25% da área mundial de algodão - plantou 45 mil hectares de algodão Bt comercial pela primeira vez na ano de 2002. A Colômbia também plantou uma quantidade introdutória, pré comercial, de 2 mil hectares de algodão Bt.

A área de cultivo na fase introdutória foi de aproximadamente 350 hectares de milho Bt. Com o ingresso desses três novos produtores, o número de países que cultivam GM aumentou de 13 em 2001 para 16 em 2002, incluindo 9 países em desenvolvimento, 5 países industrializados e 2 países do Leste Europeu. Globalmente, os principais cultivo GM no ano de 2002 foram: " Soja GM, ocupando 36,5 milhões de hectares (62% da área global de GM), contra 33,3 milhões de hectares em 2001; " Milho GM, com 12,4 milhões de hectares (21% da área global de GM), contra 9,8 milhões de hectares em 2001; " Algodão transgênico em área estável de 6,8 milhões de hectares (12% da área global de GM); " Canola GM, com 3 milhões de hectares (5% da área global com organismos GM), contra 2,7 milhões de hectares em 2001.

Durante o período de sete anos, entre 1996 e 2002, o principal atributo dessas culturas tem sido, consistentemente, a tolerância a herbicidas, com a resistência a insetos em segundo lugar. Durante 2002, a tolerância a herbicidas desenvolvida em soja, milho e algodão ocupou 75% da área global cultivada com organismos GM 44,2 milhões de hectares. As espécies Bt ocuparam 10,1 milhões de hectares, ou 17% da área global. Genes agregados para tolerância a herbicidas e resistência a insetos, desenvolvidos tanto para o milho como para o algodão, ocuparam 8% da área mundial total plantada com transgênicos em 2002, ou 4,4 milhões de hectares. As duas combinações GM de atributos e espécies dominantes em 2002 foram: " Soja tolerante a herbicida, ocupando 36,5 milhões de hectares ou 62% da área mundial total, cultivada em sete países; " Milho Bt, ocupando 7,7 milhões de hectares, o equivalente a 13% da área mundial de transgênicos, também em sete países.

A África do Sul plantou 58 mil hectares com milho branco Bt destinado à alimentação humana, o que significou aumento de 10 vezes sobre 2001. A canola tolerante a herbicida plantada no Canadá e nos EUA ocupou 3 milhões de hectares, equivalentes a 5% da área global de transgênicos.

As outras cinco lavouras GM milho e algodão tolerantes a herbicida, algodão Bt e algodão e milho Bt tolerantes a herbicidas ocuparam cada uma o equivalente a 4% da área mundial de cultivo transgênicos. Uma outra maneira de destacar a expansão das áreas de lavouras GM é revelar os índices de adoção mundial para os quatro cultivo principais soja, algodão, canola e milho.

Os dados indicam que, pela primeira vez, a área com soja GM ultrapassou 50% da área total plantada com soja. Durante 2002, 51% dos 72 milhões de hectares de soja plantados mundialmente foram de variedades transgênicas em 2001 o porcentual foi de 46%. Vinte por cento dos 34 milhões de hectares de algodão foram GM, índice igual ao do ano anterior. Reduções no plantio total de algodão nos EUA (retração de aproximadamente 10%) e na Austrália (queda de aproximadamente 50% devido à seca) foram compensadas por aumentos significativos com algodão GM na China e pelo primeiro plantio de algodão Bt na Índia.

As áreas plantadas com canola e milho transgênicos aumentaram em 2002. Dos 25 milhões de hectares mundiais de canola, a porcentagem de espécies GM aumentou de 11% em 2001 para 12% em 2002. Similarmente, dos 140 milhões de hectares plantados com milho no mundo, 9% eram GM em 2002, um aumento significativo em relação ao índice de 7% no ano anterior. Se as áreas globais
(convencionais e transgênicas) dessas quatro culturas GM principais forem somadas, o total chega a 271 milhões de hectares dos quais 21% (mais que os 19% de 2001) foram ocupados por transgênicos.

O maior destaque em 2002 é o acréscimo de 3,2 milhões de hectares de soja GM, o equivalente a 10% de crescimento anual. Em segundo lugar, aparece a expansão de 2,6 milhões de hectares de milho GM, o que significa um crescimento de 27% no ano. Os fatores mais positivos para a biotecnologia e especificamente para os cultivo GM são sua capacidade de contribuir para: " O aumento da produtividade da cultura, o que contribui para a garantia mundial de alimento humano e animal e produção de fibras; " A conservação da biodiversidade, pela redução da área cultivada graças à tecnologia que possibilita maior produtividade; " O uso mais eficiente de insumos, o que significa uma agricultura mais sustentável e, conseqüentemente, a preservação do meio ambiente; " O aumento da estabilidade da produção, reduzindo a penúria decorrente de fatores como o estresse biótico e abiótico; " A melhoria dos benefícios sociais e econômicos e o alívio da extrema pobreza de países em desenvolvimento.

A experiência dos primeiros sete anos da produção de transgênicos a partir de 1996, período no qual a área acumulada total ultrapassou os 235 milhões de hectares (580 milhões de acres) cultivados em 19 países, atingiu plenamente as expectativas de milhões de grandes e pequenos agricultores, tanto em países desenvolvidos como nos em desenvolvimento.

Em 2002, a área global com cultivo transgênicos continuou a crescer com um índice anual contínuo superior a 10%. O número de agricultores beneficiados pelas culturas GM manteve a expansão e atingiu de 5,5 a 6 milhões em 2002.

Mais de três quartos dos agricultores beneficiados pelos cultivo GM em 2002 foram aqueles com poucos recursos, plantando algodão Bt, principalmente em nove províncias da China e também na região de Makhathini Flats, na província KwaZulu Natal, na África do Sul. Em 2002, o valor global de mercado das safras GM é estimado em aproximadamente US$ 4,25 bilhões, tendo crescido de US$ 3,8 bilhões em 2001, quando representou mais de 12% dos US$ 31 bilhões do mercado mundial de proteção de plantas, e 13% dos US$ 30 bilhões do mercado mundial de sementes. O valor de mercado dos cultivo transgênicos é baseado no preço de venda de sementes transgênicas adicionado das taxas tecnológicas aplicadas. O valor global do mercado de lavouras GM está projetado em aproximadamente US$ 5 bilhões para 2005.

Há motivos de otimismo moderado, pois as projeções indicam que a área global e o número de agricultores cultivando lavouras GM continuarão a aumentar em 2003. Isso deve acontecer particularmente nos seis principais países produtores EUA, Argentina, Canadá, China, África do Sul e Austrália.

Entre as outras dez nações líderes do plantio transgênicos em 2002, a Índia deverá aumentar sua produção de algodão Bt significativamente e um ou mais novos países também deverão plantar sementes GM pela primeira vez em 2003. As Filipinas aprovaram o milho Bt como a primeira cultura GM no início de dezembro de 2002, e os primeiros plantios são esperados para 2003.

Considerando todos os fatores envolvidos, a expectativa para a curto prazo indica a tendência de crescimento contínuo na área total com lavouras GM, bem como no número de agricultores envolvidos.

A proporção de pequenos agricultores plantando transgênicos em países em desenvolvimento tende a aumentar se nações como a Índia expandirem a área de cultivo de algodão Bt e aprovarem a introdução de outros produtos avançados, como a mostarda GM, já em avaliação. Novas características de plantas originárias da indústria incluem o duplo gene Bt Bollgard® II, em algodão, aprovado na Austrália em 2002 e previsto para estar disponível nos EUA em 2003.

Uma nova característica para o mercado norte-americano, resistente à larva alfinete da raiz do milho, provavelmente também estará disponível nos EUA em 2003. A área global com milho GM resistente a insetos e tolerante a herbicida, bem como com as duas características combinadas, provavelmente deverá aumentar a curto prazo. O algodão Bt também deverá conquistar mais espaço se os mercados estabelecidos mantiverem o modesto crescimento e se novos países que cultivam GM, como a Índia, aumentarem a área de cultivo com maior rapidez.

Apesar do fato de que soja GM atualmente ocupa 75% ou mais da área de soja dos EUA e 99% da área de soja na Argentina, seu cultivo deverá aumentar, especialmente devido ao aumento da área de plantio mundial de soja. Se o Brasil aprovar a soja RR®, o resultado será um aumento súbito de área no mais significativo novo mercado para a soja GM global importante pelo enorme potencial de crescimento que possui.

Com a Índia plantando uma lavoura GM pela primeira vez em 2002, os três países mais populosos da Ásia China, Índia e Indonésia, com população total de 2,5 bilhões de pessoas estão agora comercializando cultivo GM. Duas das três maiores economias da América Latina Argentina e México estão oficialmente plantando GM, além da África do Sul, no continente africano.

Em 2002, plantas GM foram cultivadas em 16 países, com uma população de 3,2 bilhões de habitantes, em seis continentes, Ásia, África, Américas Latina e do Norte, Europa e Oceania. Portanto, apesar da contínua controvérsia sobre lavouras GM, a área e o número de agricultores cultivando tais lavouras continuaram a aumentar ano a ano, desde sua introdução em 1996. Em 2002, pela primeira vez, mais da metade da população mundial vive em países onde as lavouras GM foram oficialmente aprovadas e plantadas. (Sumário da Prévia do Estudo do ISAA - ?Situação Global das Lavouras Transgênicas Comercializadas em 2002? - Por Clive James) ISAA- International Service for the Acquisition of Agri-Biotech Applications)

Ambiente Brasil, 3-4-03