Os rumos da pesquisa biotecnológica


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Os rumos da pesquisa biotecnológica

Boletim Nº 96, Campanha por um Brasil livre de transgênicos, 12-1-02

Car@s amig@s

Bem vindos a 2002! Mais um ano de grandes desafios.

Começamos com uma pequena reflexão sobre os rumos da pesquisa biotecnológica, hoje concentrada nas mãos das empresas privadas.
O jornal australiano

publicou esta semana uma matéria sobre a nova pesquisa multi-bilionária da gigante Monsanto: seu objetivo é criar uma variedade de milho transgênico que possa resistir à umidade, para produzir  flocos de milho que continuem crocantes mesmo após mergulhados no leite. Para obter esta "delícia transgênica", a empresa pretende descobrir genes capazes de induzir altas taxas de produção de cera no milho.

O aspecto mais esdrúxulo da história é que a Monsanto espera que este novo produto possa ajudar a mudar a opinião pública (hoje extremamente negativa) com relação aos transgênicos.

Vocês conseguem imaginar uma pesquisa mais sem sentido do que esta? Ela nos faz lembrar os argumentos pró-transgênicos, repetidos pela Monsanto mundo afora, de que a pesquisa biotecnológica ajudará a resolver os grandes problemas da humanidade, desde a fome nos países pobres, até o tratamento de doenças hoje incuráveis.

Pode até ser que, se conduzida de maneira independente por instituições públicas de pesquisa, a biotecnologia possa buscar e encontrar soluções para grandes problemas. Mas como está sendo feita, terá sempre como objetivo maior gerar lucro para as empresas, ainda que através da criação de produtos completamente inúteis, mas capazes de abocanhar algum nicho do mercado. Para isto se investe bilhões de dólares e se usa o potencial de cientistas brilhantes e bem preparados (para se desenvolver uma variedade transgênica gasta-se, em média, 300 milhões de dólares -- 5 vezes mais do que o governo brasileiro gastou com saúde no estado de Sergipe em 2001, ou mais que o dobro gasto em Goiás no mesmo período). Uma lástima.

E o pior de tudo é pensar que, além de serem inúteis, estes novos produtos podem trazer danos irreversíveis ao ambiente e imprevisíveis à saúde humana. Responsabilidade dos cientistas que acham que, do alto de sua autoridade, devem definir sozinhos -- sem a participação da sociedade -- para onde a pesquisa científica deve caminhar.

A Campanha "Por um Brasil livre de transgênicos" é composta pelas seguintes Organizações Não Governamentais (ONGs): AS-PTA (coord.), ACTIONAID BRASIL (coord.), ESPLAR (coord.), IDEC (coord.), INESC (coord.), GREENPEACE , CECIP, CE-IPÊ, e FASE.


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