Moçambique: Camponeses defendem que Governo deve legislar para protecção sementes locais
Decorre, desde ontem, em Maputo a III Conferência Internacional Camponesa Sobre a terra, organizada pela União Nacional de Camponeses. Durante o dia de ontem vários assuntos foram abordados, com particular destaque para a questão da valorização da semente nacional. Numa altura em que há uma tendência clara de uso das chamadas semente híbridas, os camponeses apelam ao Governo para que crie uma legislação que proteja as sementes locais.
“O Governo deve criar uma legislação e políticas que visem incentivar que os camponeses continuem a produzir, conservar e fazer a selecção de sementes locais”, defende Agostinho Bento da União Nacional dos Camponeses (UNAC).
O uso no País de sementes híbridas, segundo Agostinho Bento, para além de desincentivar o uso das sementes locais que não sua opinião “ são melhores em qualidade”, entende que elas [as sementes híbridas] “são adaptáveis para algumas condições que não são aquelas em que o camponês moçambicano trabalha”. Bento prossegue explicando que: “As sementes híbridas são adaptáveis às regiões agro-ecológicas”. São sementes que na opinião da nossa fonte “precisam de muita água e produtos tóxicos”. O camponês moçambicano avança Bento não está capacitado para “adquirir esses produtos tóxicos e moto bombas para que possa implementar uma agricultura de irrigação”.
As sementes modificadas e os riscos para a saúde
Num outro desenvolvimento, o nosso interlocutor, falou dos perigos que representam as sementes geneticamente modificadas para a saúde do camponês e da própria terra. “A entrada no País de organismos geneticamente modificados que vão dar origem a sementes geneticamente modificadas, constituem um perigo, não só para os camponeses, mas também para a saúde das pessoas, no geral e para a biodiversidade”, disse e as seguir justifica: “porque elas são produzidas com o objectivo de combater os insectos. Mas uma os insectos se apercebendo que há um veneno, esse meso insecto vai criar resistência ao veneno”, o que “cria desequilíbrios, pois passaremos a ter insectos mais perigosos para fazer face ao remédio, e estamos a desequilibrar a natureza”. Segundo Bento os cientistas dizem que “essas sementes podem, a longo prazo, constituir um problema de saúde”. “Não posso avançar com precisão mas há indicção de que venham provocar irritação ao no corpo até cancros”, acrescentou.
Bento pede para que o Governo “ não se deixe levar pela pressão das empresas estrageiras de impor condições para investimentos no País”. Os trabalhos da conferência prosseguem. Hoje (ultimo dia) serão abordados os seguintes pontos: Direitos sobre a Terra e Recursos Naturais e Experiências Internacionais de Reformas Agrárias Vs Lutas Sociais contra Projectos Hegemónicos.
(André Mulungo - Canalmoz)
Fuente: UNAC