Campanha cobra posição de empresas que estariam apoiando o ministro Ricardo Salles

Idioma Portugués
País Brasil

Um grupo de organizações ambientais lançou nas redes sociais, nesta quarta-feira (27), a campanha #NomeAosBois, com o objetivo de expor à sociedade as marcas que estariam apoiando a gestão de Ricardo Salles à frente do Ministério do Meio Ambiente, mesmo após declarações polêmicas feitas pelo ministro.

Edição: Camila Maciel

Puxada pelo Observatório do Clima, Greenpeace e ClimaInfo, a campanha on-line pretende cobrar uma resposta de empresas que integram as entidades que publicaram um anúncio publicitário, nessa terça (26), em veículos de grande circulação em apoio às políticas defendidas por Salles. Algumas empresas já se pronunciaram, informando que não estariam apoiando o ministro.

Os ambientalistas questionam o apoio empresarial especialmente por conta das declarações de Salles durante a reunião ministerial que teve seu conteúdo divulgado na última sexta-feira (22) por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). No encontro de ministros com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Salles sugeriu aos membros do governo que seja aproveitado o momento em que a imprensa está com foco na pandemia de covid-19 para “passarem a boiada de reformas infralegais de desregulamentação” e afrouxamento das proteções ambientais no Brasil.

“Então, pra isso precisa ter um esforço nosso aqui enquanto estamos nesse momento de tranquilidade no aspecto de cobertura de imprensa, porque só fala de covid e ir passando a boiada (...) Agora é hora de unir esforços pra dar de baciada a simplificação, é de regulatório que nós precisamos, em todos os aspectos”, disse Salles durante a reunião ministerial a portas fechadas.

Publicidade de apoio a Salles

Intitulada “No meio ambiente, a burocracia também devasta", a nota publicitária de apoio a Ricardo Salles é assinada por cerca de 70 associações do setor privado. Entre as entidades que assinam o documento estão a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop). Após a campanha dos ambientalistas, algumas empresas que integram tais entidades já se pronunciaram, informando que não estariam apoiando o ministro.

O texto não cita o nome de Salles e a declaração polêmica do ministro, mas afirma que os setores dão "total apoio" ao Ministério do Meio Ambiente. A nota condena o que chama de “agenda burocrática que utiliza a bandeira ambiental como instrumento para o travamento ideológico e irrazoável de atividades econômicas”.

Diante da manifestação dos representantes do empresariado, o Observatório do Clima, o Greenpeace e o ClimaInfo foram às redes sociais com a campanha #NomeAosBois para cobrar grandes empresas do Brasil e do mundo que fazem parte do quadro de associados das instituições que assinam a nota. A saia justa levou companhias a negarem apoio ao ministro. Algumas chegaram a dizer que desconheciam o teor do manifesto e que deixaram as associações representativas.

Prática consciente de ilegalidades

O secretário-executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini,  afirma que a fala do ministro não afeta apenas a questão ambiental.  Segundo ele, além de propor o enfraquecimento da legislação, ele se aproveita de um momento em que dezenas de milhares de pessoas morrem por causa da pandemia de maneira imoral.

“Quando ele propôs aquilo, ele propôs consciente de que poderia estar cometendo ilegalidades. Tanto que ele pediu ajuda dos advogados da união para defendê-lo, no caso de ele ter complicações legais. Ele chega a dizer “Eu preciso de pareceres porque se não eu entro em cana.”. Veja o nível da situação. Apoiar uma fala dessas de um ministro de estado, no meio de uma pandemia, que quer uma força tarefa para passar uma série de legislações que ele mesmo sabe que pode render cadeia! É o absurdo dos absurdos".

Entre as organizações que defendem as políticas do Ministério do Meio Ambiente, estão algumas das maiores instituições do país, como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, a  Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo e a Confederação Nacional da Indústria. Além delas, assinam o documento representantes da construção civil, do setor imobiliário, da área de exploração de combustíveis fósseis, da indústria do turismo e ligados ao agronegócio.

Fuente: Brasil de Fato

Temas: Corporaciones, Defensa de los derechos de los pueblos y comunidades

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