Brasil: atingidos ocupam usinas de Cana Brava e Serra da Mesa em Goiás

Na manhã dessa segunda-feira (23), duas usinas hidrelétricas foram ocupadas pela população atingida no Estado de Goiás. Por volta das 3hs30min da manhã, 500 agricultores ocuparam a Barragem de Serra da Mesa, montando acampamento junto à sala de controle da Usina no município de Minaçú. Minutos depois, foi à vez da Barragem de Cana Brava, no mesmo município localizado na região norte do Estado.

As duas usinas hidrelétricas foram construídas por empresas diferentes, mas trouxera problemas semelhantes para a população atingida. A maioria dos agricultores foi expulsa sem qualquer reparação. A Barragem de Serra da Mesa, em funcionamento há nove anos, expulsou 925 famílias de suas terras nos municípios de Minaçú, Colinas do Sul, Uruaçu, Niquelândia, Campinorte, Barro Alto. As poucas indenizações distribuídas foram calculadas pelas empresas construtoras, Furnas e grupo VBC (Votorantin, Bradesco e Camargo Correa), e resultaram em valores muito abaixo aos de mercado, sem que houvesse possibilidade de contestação. Nessa obra, vários foram os casos de expulsão violenta na época do enchimento do lago, com despejos forçados e casas queimadas pela construtora para que as famílias não retornassem.

Na usina de Cana Brava a situação também é crítica. Construída pela multinacional belga Tractebel, com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) a barragem expulsou 986 famílias. As poucas indenizações distribuídas foram de apenas cinco mil reais ou menos. Há casos de indenizações de 500 reais e de até 39 reais. A Tractebel tentou reassentar algumas famílias na antiga vila de operários que construíram a Barragem de Serra da Mesa, sem que houvesse as condições mínimas de subsistência no local. Em operação há três anos, a Usina Hdrelétrica de Cana Brava já resultou em denúncias e protestos a nível internacional, especialmente na Bélgica, sede da Tractebel. Por conta da pressão, o BID já realizou três relatórios sobre a situação na região. O último, auditoria social, feito por uma comissão do Banco, constatou as irregularidades, no entanto, nada de concreto para resolver os problemas foi feito até o momento.

O principal ponto de reivindicação dos atingidos pelas duas barragens é o reassentamento de todas as famílias. O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) também pede a suspensão da licença de operação das duas usinas, até que os problemas sejam resolvidos.

Fuente: www.mabnacional.org.br