Brasil: Ofensiva em favor dos transgênicos


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Brasil:
Ofensiva em favor dos transgênicos

Campanha por um Brasil livre de transgênicos
15-7-01




É assustadora a ofensiva que vem sendo feita, nos mais diversos espaços, em favor dos transgênicos (ou da "moderna biotecnologia").
Todos já devem ter lido, em algum dos diversos jornais brasileiros (de Brasília, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul...) artigos, bem escritos, diga-se de passagem, de Nida Coimbra, exaltando os transgênicos como única esperança para um mundo feliz e saudável e acusando seus críticos de obscurantistas da Idade Média. O "grande lance" deste caso é que Nida assina como ex-conselheira do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente / MMA) e do Conselho Nacional de Recursos Hídricos e consultora ambiental. Só não diz que é "consultora ambiental" da empresa E.labore, de

, que tem a Monsanto como cliente desde 1999.
Este mês a revista

traz encartada a segunda cartilha sobre "o maravilhoso mundo da biotecnologia", direcionado a estudantes do ciclo médio. O material é bem produzido, de tiragem gigantesca.
Mais impressionante que os dois exemplos acima (quase incompreensível, para falar a verdade): o último número da revista

traz um estranhíssimo artigo que, a pretexto de esclarecer o que está por trás da discussão, afirma (a partir de informações completamente equivocadas) que os transgênicos são inofensivos e que "a engenharia genética nada mais é do que a apropriação pelo homem de um processo que a natureza realiza espontaneamente, mediante hibridização entre espécies". Francamente!! Onde passaram, no mínimo, o rigor e a fidelidade aos fatos?

Ampliando para uma perspectiva internacional, temos que a ONU acaba de divulgar seu Relatório de Desenvolvimento Humano 2001, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), defendendo o uso de transgênicos para combater a fome nos países em desenvolvimento. O documento argumenta que as discussões sobre os organismos geneticamente modificados que estão ocorrendo nos EUA e na Europa -- cada vez mais atentos aos riscos ambientais e à saúde que esses produtos representam -- ignoram as necessidades dos países pobres. E justifica a afirmação repetindo a propaganda enganosa das multinacionais, de que os transgênicos seriam mais produtivos, baratos e nutritivos.
Já não faltam dados, inclusive oficiais do governo americano, que demostram que os transgênicos não são mais produtivos (a soja transgênica, por exemplo, é em média 4%

produtiva que a soja convencional) e nem usam menos agrotóxicos (a mesma soja usa em média 11% - chegando a 30% - mais herbicidas). A própria Associação Americana de Produtores de Milho já declarou, mais de uma vez, que economicamente os transgênicos são um desastre, principalmente considerando as crescentes dificuldades que se vêm encontrando para exportá-los. E simplesmente

transgênico existente no mercado é mais nutritivo que seu equivalente convencional. Já discutimos, no Boletim 51, a grande armação do Arroz Dourado, o único "transgênico nutritivo" já desenvolvido.

O relatório da ONU também defende a ajuda internacional para programas de aplicação de DDT -- pesticida altamente tóxico, proibido em quase todos os países do mundo por ser cancerígeno e provocar distúrbios hormonais, interferir na lactação e causar má-formação de bebês -- nos países pobres por ser o "único instrumento de custos suportáveis" no combate à malária.

O PNUD prestaria muito mais serviço à sociedade e especialmente aos países em desenvolvimento se sugerisse investimentos e pesquisas para o desenvolvimento rural local e regional e o desenvolvimento da agricultura familiar e da agroecologia, que certamente são meios muito mais baratos, eficientes e seguros para a conquista da segurança alimentar e da diminuição da pobreza. Afinal, a própria ONU admite que há hoje alimento suficiente para alimentar o mundo inteiro em uma vez e meia, o que falta é a distribuição.

Só para não desanimarmos, por outro lado também são cada vez mais freqüentes, em diversos meios de comunicação, as notícias que falam do sucesso da agricultura e dos alimentos ecológicos e orgânicos. Este sim é um campo (e um mercado) promissor que conquista, sem parar, mais e mais adeptos e simpatizantes.


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