Conheça os produtores de alimentos sem veneno da 18ª Jornada da Agroecologia

País Brasil

A Praça Santos Andrade, no centro de Curitiba, se tornou palco de uma grande feira de alimentos produzidos sem veneno em diversas regiões do país. A feira da Agrobiodiversidade Camponesa e Popular faz parte da 18ª Jornada de Agroecologia, que teve início no dia 29 de agosto e vai até o próximo domingo, 1º de setembro.

O evento reúne mais de 80 produtores que trouxeram à capital do Paraná uma produção diversificada de hortaliças, verduras, frutas e produtos agroindustrializados.

Nascido no município de Santa Maria da Boa Vista, no sertão de Pernambuco, Adailton Cardoso dos Santos, de 38 anos, constrói o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no estado.

Ele conta que está na feira vendendo produtos de uma rede de agricultores do sertão nordestino e levou quatro dias de ônibus para chegar até Curitiba. Apesar da distância, o pernambucano garante que valeu a pena.

“A intenção não é só comercializar o produto, é dialogar com a sociedade de Curitiba, do estado do Paraná, dialogar com todos os públicos e dizer que a reforma agrária, a classe camponesa, é quem produz alimento e quem coloca alimento na mão e na mesa do brasileiro”, afirma Adailton, que conheceu o MST aos 11 anos.

Formado em Pedagogia da Terra pela Universidade Federal do Pernambuco (UFPE), o nordestino participou recentemente da brigada internacionalista emergencial do MST em solidariedade às vítimas do ciclone Idaí, que atingiu Moçambique.

Além de frutas, como melancias e uvas, o agricultor levou para a Jornada produtos agroindustriais, como carne de bode congelada à vácuo e mandioca à vácuo. Licor e cerveja de umbu também estão na lista de Adailton.

Moradora de Barra do Turvo, município paulista próximo do Vale do Ribeira, Jorlene Boaventura da Rosa, se orgulha da produção que a Cooperafloresta, cooperativa da qual faz parte, está comercializando na feira.

“Nas agroflorestas temos diversidades de plantas. Se planta verduras de pequeno prazo e já vamos plantando as árvores, depois as frutas… Passando um tempo, temos uma agrofloresta”, explica Jorlene.

Segundo ela, é um trabalho de muita alegria, amor, de contato com a natureza. "É saúde, qualidade e vida. A Jornada é um fortalecimento. Mais união para lutarmos por esse trabalho maravilhoso”, completa. 

A feira da agrobiodiversidade também é o espaço para divulgar a produção sem veneno feita no próprio estado, como lembra Pedro Cardoso Carvalho, do Assentamento do MST Dorcelina Folador, localizado em Arapongas, região norte do Paraná. 

“É muito bom estarmos aqui. As pessoas vêm perguntando, mostramos os produtos para os consumidores e eles olham a marca. A marca é nossa, da nossa organização. Não é marca de uma empresa multinacional”, diz, acrescentando que convidou os visitantes da 18ª Jornada de Agroecologia para conhecer o assentamento de perto.

Segundo Carvalho, o Dorcelina Folador produz milhares de litros de leite que são entregues para mais de 400 escolas da região.

Além dos produtores “nascidos e criados” no campo, a 18ª Jornada também comercializa a produção daqueles que se encontraram com a agroecologia recentemente.

É o caso de Lucas Schafaschek, que veio de Mafra, Santa Catarina. “Meu avô era agricultor e minha mãe se criou na roça, mas foi pra cidade. O que aconteceu com grande parte das famílias. Eu sou da geração que está fazendo esse resgate a terra por meio da sementes crioulas. A agroecologia é isso: o saber popular, não só a semente, mas a história da semente”, conta o jovem integrante do coletivo Maiz Agroecologia, que reúne a produção de nove famílias. 

*Com reportagem de Vanessa Nicolav

Edição: Rodrigo Chagas

Temas: Agroecología, Semillas

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