Menor biodiversidade será prejudicial à vida humana

Por Ann Fullick
WWI-UMA

Houve ótimas notícias para os cavalos marinhos, tubarões gigantes e tubarões-baleia no mês passado. O mogno de folhas grandes também estava celebrando. As boas novas eram que, contrariando as previsões, um encontro no Chile da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas (Cites) da ONU votou a favor do controle do comércio internacional destas criaturas. Decisões como esta dão esperança de que a maré de opinião esteja mudando a favor de uma legislação internacional mais dura para preservação da biodiversidade. Elas dificultarão que árvores ameaçadas acabem virando mesas de café, que os últimos cavalos marinhos remanescentes só sejam encontrados nadando em aquários, e que os restos da barbatana do último tubarão flutuem ameaçadoramente em um prato de sopa chinesa.

Parece que biodiversidade se tornou uma palavra da moda, apreciada igualmente por políticos, preservacionistas, manifestantes e cientistas. Mas o que ela realmente significa? A Convenção sobre Diversidade Biológica, um acordo internacional para preservar e compartilhar as riquezas biológicas do planeta, fornece uma boa definição prática: a biodiversidade abrange toda forma de vida, do menor micróbio ao maior animal ou planta, os genes que lhes dão suas características específicas e os ecossistemas dos quais são parte.

Em outubro, a União Mundial para a Conservação (também conhecida como IUCN) publicou sua atualização da Lista de Espécies Ameaçadas, uma relação de 11.167 espécies ameaçadas de extinção -121 a mais do que na última publicação da lista, em 2000. Mas os novos dados quase certamente subestimam a crise. Cerca de 1,2 milhão de espécies de animais e 270 mil espécies de plantas foram catalogadas, mas o bem-estar de apenas uma fração foi avaliado. Simplesmente não há recursos disponíveis. Por exemplo, a Iucn relata que 5.714 plantas estão ameaçadas, mas admite que apenas 4% das plantas conhecidas foram avaliadas. E, é claro, há milhares de espécies que ainda não descobrimos. Muitas delas também podem estar ameaçadas de extinção.

(De cima para baixo) Cavalo-marinho, tubarão gigante, tubarão-baleia e mogno de folhas grandes: comércio agora sob controle internacional. Por que tanto barulho? Realmente importa se houver menos espécies de lesmas e besouros no mundo, se alguma espécie desconhecida de planta deixar de existir ou se os recursos genéticos de uma espécie rara estão encolhendo? Resumindo, sim. A biodiversidade é a base de uma ecologia global balanceada e saudável, capaz de sustentar a vida na Terra. Um ecossistema diverso é um ecossistema estável, por ser complexo e flexível o bastante para se auto-regular. O ar e água da Terra, por exemplo, são mantidos puros por meio da ação de uma ampla variedade de organismos. Até mesmo a mais humilde das criaturas exerce seu papel. Por meio da decomposição, a matéria morta é reciclada e freqüentemente desintoxicada no processo. Por exemplo, os microorganismos no solo e na água convertem a amônia tóxica em íons de sódio, que então são pegos e usados pelas plantas. A atmosfera e o clima do mundo são estabilizados pelas plantas por meio da fotossíntese, absorvendo o dióxido de carbono e produzindo o oxigênio.

Uma ampla variedade de vida vegetal reduz as chances de inundação e seca. As raízes mantêm o solo firme e absorvem grandes quantidades de água que são evaporadas para a atmosfera por meio da transpiração. As plantas que são tolerantes a baixos níveis de água ajudam a impedir a desertificação mantendo um microambiente sob sua proteção, que reduz a evaporação e perda de água, mantendo a fertilidade.

A polinização das plantas, a dispersão de sementes e a reciclagem de nutrientes em sistemas como o ciclo do nitrogênio, tudo ajuda a manter ecossistemas saudáveis, e tudo depende de altos níveis de biodiversidade. Alguns destes sistemas são tão eficientes que nós os utilizamos para melhorar nosso próprio ambiente pessoal. Trabalhos de tratamento de esgoto são um dos melhores exemplos. Micróbios decompositores são armazenados em grandes quantidades e então lhes são dadas condições ideais para decompor nossos dejetos em substâncias relativamente inofensivas, que podem ser despejadas em segurança em rios ou no mar, ou até mesmo usadas como fertilizante.

Ecossistemas variados, saudáveis, promovem muitos benefícios diretos e indiretos. Na agricultura, os parentes selvagens de animais de criação e plantas fornecem uma reserva de diversidade genética que pode ser explorada para o desenvolvimento de melhores raças e variedades. Esta fonte natural se tornará cada vez mais importante à medida que o mundo enfrentar a mudança climática, fornecendo características genéticas que permitirão que as plantações prosperem apesar das mudanças na temperatura e nas chuvas.

É claro, as plantas são mais do que apenas comida. Por milhares de anos as florestas e matas foram nosso baú medicinal. Atualmente a indústria farmacêutica explora esta imensa reserva natural para o desenvolvimento de novos medicamentos. Cerca de 56% dos 150 principais medicamentos prescritos nos Estados Unidos são baseados em substâncias derivadas de plantas, mas apenas 1% das 250 mil espécies conhecidas de plantas tropicais foram estudas para uso farmacêutico potencial. Até termos uma melhor idéia da diversidade da vida vegetal na Terra, nós não temos como saber quantos outros medicamentos salvadores de vidas estão aguardando para serem descobertos.

Em uma escala de tempo geológica, mais espécies se tornaram extintas do que sobreviveram na Terra até hoje. A maioria, se não todas, das espécies eventualmente será extinta. Entretanto, deve haver um equilíbrio entre a taxa de extinção e a criação de novas espécies. Segundo Donald Levin, um botânico da Universidade do Texas, em Austin, a taxa de extinção está no momento entre uma centena e um milhar de vezes acima da taxa natural. Ele estima que na média uma espécie de animal ou planta se torna extinta a cada 20 minutos, tornando a nossa época um dos seis grandes períodos de extinção em massa da história da Terra.

Grande parte da perda observada de biodiversidade dos últimos anos tem sido direta ou indiretamente resultado de atividades humanas. Por todo o globo, grandes áreas de terra são atualmente dedicadas à plantação de alimentos, e nestas áreas a biodiversidade tem sido virtualmente eliminada à medida que um hectare atrás do outro de terra passa a ser coberto pela mesma espécie de planta. Quando plantas clonadas são usadas, a diversidade genética é reduzida ainda mais. Os herbicidas e o controle de pragas ajudam a reduzir o número de espécies em algumas áreas a mais ou menos uma.

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Outro grande impacto das práticas agrícolas é a destruição de florestas e a desertificação que freqüentemente a acompanha. A prática de corte e queima continua a devastar áreas enormes de floresta tropical. À medida que a agricultura e a habitação se expandem para as áreas restantes de vida selvagem, muitas outras espécies perderão seus hábitat. Mesmo quando os próprios hábitat não são destruídos, a poluição pode afetar o equilíbrio ecológico ou introduzir toxinas. Às vezes a perda de uma única planta devido a práticas agrícolas, destruição do hábitat ou poluição pode levar a uma perda disseminada de biodiversidade, caso tal planta seja um componente chave de várias redes e cadeias alimentares.

No mar, a pesca excessiva em escala de massa ameaça resultar na perda total de certas espécies em determinadas áreas. Uma pesquisa recente dos caranhos da Nova Zelândia mostrou que a pesca excessiva desfere um golpe duplo contra a biodiversidade. À medida que decresce a população de peixes, apenas alguns poucos peixes parecem procriar com sucesso a cada geração. A maioria das crias sobreviventes são geneticamente relacionados a um pequeno número de pais, assim não apenas o número geral é reduzido, mas também a diversidade genética.

O prognóstico a longo prazo não é bom. Muitos cientistas agora acreditam que o clima do mundo está mudando devido à queima de combustíveis fósseis, destruição de florestas e intensiva criação de animais (porcos, ovelhas e gado produzem grandes quantidades de gás metano, que contribui para o efeito estufa). O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU estima que a temperatura de superfície global aumentará em média entre 1,4 e 5,8 °C até o final do século. A elevação das temperaturas terá um alto impacto sobre muitos ecossistemas e inevitavelmente levará à perda de diversidade, particularmente à medida que as mudanças parecem estar acontecendo tão rapidamente que a evolução dificilmente conseguirá acompanhar.

Réptil Tuatara, da Nova Zelândia, que corre risco de extinção. Algumas espécies são mais sensíveis à mudança de temperatura do que outras. Uma elevação de apenas 1 °C pode levar à extinção do tuatara da Nova Zelândia, um réptil que tem sido descrito como um "fóssil vivo" por ter aparecido na mesma época dos dinossauros. Uma pesquisa recente da Universidade Vitória em Wellington, mostrou que em 21 °C, 96% de todos os ovos do tuatara geram fêmeas, enquanto com 22 °C eles se tornam todos machos. Assim parece provável que o tuatara, um animal que sobreviveu ao cataclisma que levou à extinção dos dinossauros, e sem dúvida de muitas outras espécies, será vítima do aquecimento global.

Os riscos para a biodiversidade não são disseminados de forma igual por todo o mundo. Certas áreas são muito mais vulneráveis -particularmente as pequenas e isoladas, como ilhas, fragmentos de floresta tropical, recifes de coral, pântanos e brejos. Muitas destas áreas também têm uma diversidade particularmente rica de flora e fauna, de forma que se o ecossistema for danificado, muitas espécies serão perdidas. Além da elevação do nível dos mares como resultado do aquecimento global, as ilhas também são vulneráveis à exploração industrial de recursos como petróleo e minérios. O turismo também tem seu preço. Recifes de coral -alguns dos ambientes mais ricos em espécies da Terra- são muito sensíveis à poluição e à mudanças na temperatura da água e profundidade. Os pântanos e brejos são freqüentemente drenados para projetos habitacionais ou agricultura e pecuária, para exploração de reservas de petróleo e gás, ou para extração de turfa. Eles também são suscetíveis a mudanças no clima.

Nós podemos não saber o que estamos perdendo até ser tarde demais. Para evitar cair nesta armadilha, nós precisamos medir a biodiversidade. O número de espécies diferentes em uma área em particular é um índice básico útil de biodiversidade, mas o conceito tem um alcance muito maior. As diferenças entre indivíduos em uma espécie, entre populações do mesmo tipo de organismo, entre comunidades de diferentes organismos e entre ecossistemas, todos são características da biodiversidade. Assim a saúde geral de um hábitat só pode ser medida a partir da diversidade das espécies que vivem lá, tanto em termos do número total de espécies e quanto da diversidade de animais, plantas e microorganismos. Mas alguns hábitat são mais preciosos do que outros.

Imagine se o número de espécies em um jardim de 10 X 10 metros fosse comparado com uma área equivalente de um bosque. O jardim quase certamente apresentaria um número muito maior de espécies -ele possui uma maior biodiversidade por metro quadrado. Mas qual área é biologicamente mais importante? Claramente, nem toda a biodiversidade apresenta valor igual do ponto de vista de preservação.

E há vezes em que a presença de uma única espécie faz toda a diferença. Imagine duas áreas de floresta escocesa ameaçada por um projeto de construção de estrada, cada qual com níveis idênticos de biodiversidade e espécies quase idênticas, exceto pelo fato de uma delas ser lar do tetraz -um pássaro do tamanho de um peru que é comum no norte da Europa, mas que está caminhando rapidamente para a extinção na Escócia. Qual delas deveria ser protegida dos tratores? A que abriga os tetrazes vencerá com as mãos nas costas.

A avaliação da biodiversidade não termina aí. Mesmo supondo que uma espécie ameaçada seja avistada em uma área, isto significa que ela vive lá ou está apenas de passagem? Um indivíduo único não representa nada para a preservação da biodiversidade -uma população capaz de procriar é necessária para isto.

A forma como as observações são feitas também é importante. Cada técnica tem suas vantagens e desvantagens. Por exemplo, armadilhas de luz são usadas freqüentemente para capturar insetos noturnos que voam, mas o alcance geográfico dos insetos é desconhecido. Nós não sabemos de onde eles vieram. Bater nos galhos das árvores e coletar o que cai é uma forma comum de obter uma amostragem dos insetos, mas isto significa que apenas aqueles que vivem no topo das árvores são estudados. Uma população de brocas foi ignorada por anos em Richmond Park, em Londres, porque os pesquisadores empregaram esta técnica de coleta. Outra estratégia cada vez mais comum e eficaz é borrifar gás anestésico por toda a árvore e então coletar tudo o que cai no chão. Mas mesmo esta técnica tem suas limitações, porque organismos que vivem na casca da árvore dificilmente serão deslocados.

Outro grande obstáculo é reconhecer e categorizar as milhares de espécies diferentes. Felizmente, novas tecnologias estão tendo um papel cada vez mais importante na classificação. Por muitos anos, as espécies têm sido identificadas pela observação cuidadosa de suas características físicas. Agora a tecnologia de DNA permite que as espécies possam ser comparadas em nível genético, aumentando enormemente nossa compreensão da biodiversidade tanto dentro quanto entre as espécies. A tecnologia da informação também está provando ser inestimável. Vastos e desajeitados sistemas de preenchimento de documentos de papel estão sendo substituídos por bancos de dados fáceis de serem pesquisados, facilitando a identificação de novas espécies, e um novo software está ajudando a conciliar sistemas diferentes de classificação.

Nem todas as técnicas de medição de biodiversidade dependem de tais métodos de alta tecnologia. Os cientistas que estão tentando avaliar o tamanho da população de criaturas esquivas geralmente contam os animais mortos ou capturados, e extrapolam este número para estimar o tamanho total da população. Por exemplo, no interior da Grã-Bretanha, uma forma eficaz, apesar de horrível, de se fazer isto é checar o número de animais atropelados na estrada -quanto mais texugos e porcos-espinhos forem encontrados atropelados em um trecho em particular da estrada, maior será o número da população local deles.

É importante desenvolver um quadro da diversidade da vida na Terra agora, para que comparações possam ser feitas no futuro e tendências possam ser identificadas. Mas não é necessário observar todo tipo individual de organismo em uma área para se ter um retrato da saúde do ecossistema. Em muitos hábitat há espécies que são particularmente suscetíveis à mudanças de condições, e estas podem ser usadas como espécies indicadoras.

Na mídia, geralmente são animais grandes e carismáticos como os pandas, elefantes, tigres e baleias que recebem toda a atenção quando se é discutida a perda da biodiversidade. Entretanto, animais e plantas que ocupam posições mais baixas na cadeia alimentar geralmente são aqueles vitais para a preservação dos hábitat -salvando no processo as peles daquelas espécies mais glamourosas. Elas são conhecidas como "espécies-chave".

(De cima para baixo)Rinoceronte negro, Panda-gigante e Tigre: as três espécies mais ameaçadas de extinção. Estudando os relacionamentos complexos de alimentação dentro dos hábitat, podem ser identificadas as espécies que têm um impacto particularmente importante no meio ambiente. Por exemplo, os membros da família das figueiras são a alimentação principal para centenas de espécies diferentes em muitos países diferentes, tão importantes que os cientistas às vezes chamam os figueiras de "lanchonetes da floresta". Uma ampla variedade de animais, de minúsculos insetos até pássaros e grandes mamíferos, se alimentam de tudo na árvore, da casca e folhas até suas flores e frutos. Muitas espécies de figueiras possuem polinizadores muito específicos. Há várias dezenas de espécies de figueiras na Costa Rica, e um tipo diferente de vespa evoluiu para polinizar cada uma delas. Chris Lyle, do Museu de História Natural em Londres -que também está envolvido na Iniciativa Global de Taxonomia da Convenção sobre Diversidade Biológica- aponta que se as figueiras forem afetadas pelo aquecimento global, poluição, doenças ou qualquer outra catástrofe, a perda de biodiversidade será enorme.

De forma semelhante, as lontras do mar têm um papel importante na sobrevivência das gigantescas florestas de algas marinhas ao longo das costas da Califórnia e do Alasca. Estas "florestas marinhas" abrigam uma ampla variedade de outras espécies. A própria alga é o principal alimento de ouriços do mar roxos e vermelhos, e por sua vez os ouriços são comidos por outros predadores, particularmente as lontras do mar. Elas desprendem os ouriços do leito do oceano e os levam até a superfície, onde ficam de costas com a casca do ouriço sobre a barriga, a esmagando com uma pedra antes de comer seu conteúdo. Os ouriços que não são comidos tendem a passar o tempo em fissuras de rochas para escapar dos predadores. Isto permite que a alga cresça -e ela pode crescer muitos centímetros por dia. À medida que as florestas se formam, pedaços de alga se desprendem e caem no fundo do mar, fornecendo alimento para os ouriços nas fissuras. As lontras do mar prosperam caçando os ouriços nas algas, e muitos outros peixes e invertebrados vivem entre as frondes.

Os problemas começam quando decresce a população de lontras do mar. Como os grandes predadores elas são vulneráveis -o número delas é relativamente pequeno de forma que doenças e caçadores humanos podem erradicá-las. O resultado é que a população de ouriços do mar cresce sem controle e eles perambulam pelo fundo do mar comendo as jovens frondes de algas. Isto mantém as algas muito curtas e impede o desenvolvimento das florestas, o que provoca um enorme impacto sobre a biodiversidade.

As espécies-chave também podem se tornar espécies alienígenas perigosas: elas podem provocar o caos quando aparecem no ecossistema errado. A mariposa do cacto, cuja lagarta é uma devoradora voraz da opúncia, foi introduzida na Austrália para controlar o avanço desenfreado dos cactos. O sucesso foi tamanho que alguém imaginou que seria uma boa idéia introduzi-la nas ilhas do Caribe que enfrentavam o mesmo problema. Isto resolveu o problema dos cactos, mas infelizmente algumas mariposas chegaram aos Estados Unidos -carregadas pelo vento e pela bagagem dos turistas- onde estão devastando as populações nativas de cacto da Flórida.

Internacionalmente, os problemas da perda da biodiversidade têm sido divulgados e reconhecidos, mas esta é a parte fácil. Concordar em um curso de ação é repleto de dificuldades porque muitas das ameaças derivam do modo de vida que os países desenvolvidos desfrutam e que os países em desenvolvimento desejam copiar -um modo de vida baseado na queima de combustíveis fósseis e em uma dieta rica em carne. Apesar destes problemas, vários passos estão sendo tomados para a preservação da biodiversidade.

Organizações como a Convenção sobre Diversidade Biológica trabalham com grupos como a ONU e com governos e cientistas para ampliar a conscientização e a obtenção de fundos para pesquisa. Vários importantes encontros internacionais -incluindo a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável em Johannesburgo neste ano- estabeleceram metas para os governos de todo o mundo reduzirem a perda de biodiversidade. E o encontro da Cites em Santiago, no mês passado, acrescentou vários nomes à sua lista de espécies ameaçadas para as quais o comércio é controlado. É claro, estes acordos terão valor limitado caso alguns países se recusem a implementá-los.

Mas há motivo para otimismo. Parece haver uma crescente compreensão da necessidade da agricultura sustentável e do turismo sustentável conservarem a biodiversidade. Problemas como a exploração ilegal de madeira estão sendo combatidos por meio de programas de reflorestamento sustentável, com a ênfase na minimização do uso de madeiras de florestas tropicais nos países desenvolvidos e na replantação rigorosa de quaisquer árvores que sejam usadas. A Cites está cumprindo seu papel controlando o comércio de madeira de espécies ameaçadas de árvores. Da mesma forma, técnicas de agricultura sustentável que minimizam os danos ambientais e evitam a monocultura estão se tornando cada vez mais populares.

Ação em nível nacional geralmente implica em investimentos em educação e conscientização pública. Fazer com que pessoas como eu e você se envolvam pode ser muito eficaz. A Austrália e muitos países europeus estão se tornando cada vez mais eficientes na reciclagem do seu lixo doméstico, por exemplo, preservando recursos naturais e reduzindo o uso de combustíveis fósseis. Isto por sua vez tem um efeito direto sobre a biodiversidade devido à minimização da poluição, e um efeito indireto reduzindo a quantidade de gases que provocam o efeito estufa, emitidos por incineradores e aterros sanitários.

Manter os ecossistemas intactos para as futuras gerações é obviamente importante, mas a biodiversidade não é um tipo de opção extra. Diversidade pode ser "o tempero da vida", mas a diversidade biológica é também nosso sistema de manutenção da vida. (Ann Fullick, New Scientist)

WWI-Worldwatch Institute / UMA-Universidade Livre da Mata Atlântica
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