Brasil: carta da 1ª Jornada Paranaense de Agroecologia
Os três mil participantes da 1ª Jornada Paranaense de Agroecologia, construíram a unidade na diversidade, no enfrentamento do modelo neoliberal, reafirmando que um outro mundo é possível, valorizando a agroecologia e a pequena agricultura familiar, defendendo a realização de uma ampla reforma agrária e o fim da violência e da impunidade no campo, combatendo o uso de agrotóxicos e a liberação dos produtos transgênicos no Brasil
O modelo neoliberal tem causado a concentração da terra e da renda; violento êxodo rural e conseqüente concentração populacional nas cidades; concentração da terra e da renda; insegurança e violência no campo e cidades; empobrecimento dos pequenos agricultores familiares; catastrófica degradação da natureza e a permanente contaminação dos alimentos e pessoas com resíduos de agrotóxicos.
Neste momento, este modelo se reapresenta na forma de globalização do capital, aprofundando planetariamente o processo de exploração do trabalho e da natureza, controlando as biotecnologias como meio de mercantilização da vida, e através dos transgênicos destruindo a agricultura, a soberania alimentar e a cultura dos povos.
No Paraná, desde os anos 80, diferentes organizações sociais vêm construindo experiências concretas de desenvolvimento sustentável com base na pequena agricultura familiar ecológica, na revitalização da natureza e da diversidade cultural, e na dinamização das relações sociais baseadas na justiça, na ética e na solidariedade.
Reafirmamos nesse nosso encontro em Ponta Grossa, a continuidade de nossas ações, articuladas em torno de um novo jeito de viver que se expressa na proposta da agroecologia, tendo como lutas imediatas:
1. Impedir a aprovação do Projeto de Lei de liberação dos transgênicos no Brasil, que tramita no Congresso Nacional;
2. Denunciar o cultivo e a comercialização de transgênicos buscando responsabilizar os que fazem esse comércio ilegal e as multinacionais que detém e disseminam criminosamente esta tecnologia;
3. Dinamizar campanhas municipais pela aprovação de leis que proíbam os transgênicos e agrotóxicos;
4. Acelerar o processo de Reforma Agrária, promover a Campanha que estabelece o limite Máximo para a propriedade da terra no Brasil, e nos contrapor a violência e aos despejos com o uso de força da polícia Militar e de milícias privadas;
5. Participar das mobilizações dos pequenos agricultores familiares;
6. Garantir a participação de uma delegação representativa das organizações promotoras da Jornada no Encontro Nacional de Agroecologia, de 30 de julho a 02 de agosto, no Rio de Janeiro;
7. Participar da Campanha Nacional e Internacional contra a ALCA, organizando comitês para preparação do Plebiscito Nacional na semana de 01 a 07 de Setembro;
8. Lutar por políticas públicas que promovam a pequena agricultura familiar ecológica;
Assumimos o compromisso de continuidade deste processo de construção da Jornada de Agroecologia, que culminará na realização de um novo grande encontro estadual em 2003.
Ponta Grossa, Paraná - 17 a 20 de abril de 2002
Por uma terra livre de transgênicos e sem agrotóxicos!
www.jornadadeagroecologia.com.br