Via Campesina convoca organizações a realizar ações por justiça climática

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Ante o fracasso da 15ª Conferência das Partes (COP 15) da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática (CMNUCC, por sua sigla em espanhol), realizada no ano passado, movimentos e organizações sociais de todo o mundo preparam ações de mobilização para que o mesmo não se repita na Conferência deste ano. A COP 16 acontecerá entre os dias 29 de novembro e 10 de dezembro em Cancun, no México

 

De acordo com convocação divulgada hoje (1º) por Via Campesina, a ideia é fazer com que povos de todo o mundo realizem mobilizações por justiça climática e soluções reais de combate à mudança climática. Para a organização, a COP 15 revelou que a maioria dos governos não tem capacidade para enfrentar as causas do problema climático. Além disso, muitos transformaram a questão climática em um "negócio".

 

Para a Via Campesina, no lugar de promoverem ações que combatam as causas reais da mudança climática, como incentivo à agricultura familiar sustentável, os governos preferem apostar em "falsas soluções", como o "Mecanismo para um Desenvolvimento Limpo" (MDL) do protocolo de Kioto.

 

"Já é hora da Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (CMNUCC) propiciar políticas firmes para contribuir com a solução do caos climático. É preciso que os países se comprometam firme e vinculantemente para reduzir de forma radical as emissões de gases e mudar por completo seu modo de produção e consumo", demanda.

 

Secas, tempestades, contaminação da água e deterioração do solo são apenas algumas situações relacionadas à mudança climática que provocaram - e ainda provocam - o deslocamento de milhares de pessoas. De acordo com comunicado da Via Campesina, calcula-se que cerca de 50 milhões de pessoas já tenham sido obrigadas a sair de seus locais de origem por conta dos efeitos do clima.

 

"Estes ‘deslocados climáticos’ vêm engrossando as filas dos mais de 200 milhões de seres humanos que, segundo a Organização Internacional das Migrações (OIM), hoje representam a pior crise de migração que a humanidade enfrentou", comenta.

 

Por conta disso, a organização pede que a COP 16 rechace, entre outros pontos: a iniciativa de redução das emissões por desmatamento e degradação (REDD); a alteração do clima através de projetos de geoengenharia; os esquemas de comércio de carbono e os Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL); e a participação do Banco Mundial na administração de fundos e políticas relacionadas à mudança climática.

 

Em vez dessas ações, a organização pede o incentivo à produção camponesa e indígena. "A investigação científica mostra que os povos camponeses e indígenas poderiam reduzir as emissões globais atuais a 75% ao aumentar a biodiversidade, recuperar a matéria orgânica do solo, substituir a produção industrial de carne por uma produção diversificada à pequena escala, expandir os mercados locais, parar o desmatamento e fazer um manejo integral da mata", revela.

 

COP 16

 

A 16ª Conferência das Partes da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP 16) acontecerá, neste ano, no México. No site oficial do evento, o país já afirma que a Conferência será um evento "plural e includente e não economizará esforços para facilitar a construção de entendimentos entre os Estados Partes".

 

México espera que esta Conferência termine com resultados concretos de enfrentamento à mudança climática e, para isso, "fomentará a mais ampla participação e diálogo entre os diversos atores envolvidos no desenvolvimento da Conferência, assim como na busca por soluções comuns".

 

Mais informações sobre a COP 16 em: COP16/CMP6. A convocatória completa da Via Campesina está disponível em: Vía Campesina

 

Adital, Internet, 1-9-10

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