Setor de orgânicos tenta comprovar sua pureza

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Alarmados de que colheitas geneticamente modificadas possam estar chegando aos alimentos orgânicos e naturais, um grupo setorial lançou uma campanha para testar os produtos e rotular aqueles que são praticamente isentos de ingredientes biotecnológicos

Com os agricultores usando sementes com genes modificados para plantar a maior parte de milho, soja, canola e açúcar da América do Norte, os ingredientes derivados de plantações "biotec" tornaram-se difíceis de evitar pelas companhias alimentícias. Mas muitos fabricantes de alimentos orgânicos e naturais estão convencidos de que sua credibilidade no mercado exige que façam isso.

O grupo setorial, chamado Non-GMO Project, diz que seu novo rótulo se destina a tranquilizar os consumidores e será baseado em testes rigorosos.

As iniciais GMO significam "organismo geneticamente modificado" em inglês. O projeto tentará garantir o mesmo limite usado na Europa, onde se exige uma menção no rótulo se os produtos contiverem mais de 0,9% de material biotecnológico.

O projeto não tentará garantir que os alimentos sejam totalmente livres de ingredientes geneticamente modificados, mas sim que os fabricantes seguiram procedimentos e realizaram testes.

"Há uma vulnerabilidade para a indústria enfrentar", disse Michael J. Potter, fundador e presidente da Eden Foods e membro do conselho do Non-GMO Project.

Enquanto as plantações de colheitas convencionais com modificações genéticas aumentaram nos últimos anos, Potter implementou rígidas salvaguardas para garantir que a soja orgânica que ele comprava para fazer tofu e leite de soja não viesse de plantas geneticamente modificadas. Ele até fornece a semente que os agricultores usam para plantar a soja.

Mas muitas outras companhias não foram tão cuidadosas, e, em consequência disso, disse Potter, a indústria de alimentos naturais e orgânicos parece "uma sala suja" precisando de faxina.

"O que sei, o que foi testado e o que os resultados dos testes indicam é que a sala está muito suja", disse Potter.

Centenas de produtos já dizem na embalagem que não contêm ingredientes geneticamente modificados, mas há pouca consistência na rotulagem e pouca garantia de que os produtos realmente foram testados. A nova campanha de rotulagem espera eliminar a confusão.

Dag Falck, um dos diretores do projeto, disse que é necessário testar e rotular para proteger a indústria da constante disseminação de ingredientes "biotec". Sua companhia vem testando esses ingredientes há vários anos e está reforçando essas medidas.

"O negócio é que, se temos um problema de contaminação crescente nos orgânicos, o que acontecerá um dia quando alguém testar alguma coisa e descobrir que os orgânicos estão contaminados além de uma quantidade razoável, digamos 5% ou 10%?", ele disse. "Os consumidores perderiam toda a fé nos orgânicos."

O Non-GMO trabalha com empresas para testar seus ingredientes e melhorar processos de fabricação. Ele também vai testar produtos aleatoriamente nas lojas.

Sandra Kepler, executiva-chefe da Food Chain Global Advisors, consultoria que administra o projeto, disse que é cedo demais para tirar conclusões e que grande parte dos testes foi feita em ingredientes usados por empresas que já adotaram salvaguardas.

Os executivos de várias companhias participantes do projeto disseram que seus produtos saíram limpos dos testes. Mas vários executivos também disseram ter conhecimento de testes positivos em outras empresas, que não quiseram identificar.

"As empresas vão relutar em dizer 'Encontramos produtos contaminados e mudamos de fornecedor'", disse Michael S. Funk, diretor do projeto e presidente da distribuidora United Natural Foods. "Ninguém quer que essa informação seja divulgada."

Rural Centro, Internet, 21-9-09

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