Seminário discute prática de megamineração em países da região
"Conhecer o estado da prática da Megamineração na Colômbia e na América Latina a partir das dimensões geológicas, políticas, jurídicas e ecológicas”. Esse é um dos objetivos do Seminário Internacional Ciência, Avanços e Perspectivas diante da Megamineração
"Conhecer o estado da prática da Megamineração na Colômbia e na América Latina a partir das dimensões geológicas, políticas, jurídicas e ecológicas”. Esse é um dos objetivos do Seminário Internacional Ciência, Avanços e Perspectivas diante da Megamineração, que acontecerá de 5 a 7 de setembro, no Teatro 8 de Junio da Universidade de Caldas, em Colômbia.
Durante esses três dias, estudantes, professores e pesquisadores discutirão propostas para a superação das crises institucional, econômica, política, cultural e ambiental relacionadas ao "boom mineiro nacional”. Para isso, trabalharão a partir de quatro eixos temáticos: Contexto da megamineração na Colômbia e na América Latina; Compreensão e visibilidade dos rastros do desenvolvimento gerados pela megamineração; análise das responsabilidades e implicações éticas do exercício científico na relação com a megamineração; e reflexão em torno das implicações do financiamento das Universidades Públicas com capital mineiro transnacional.
O documento de apresentação do seminário aponta que a mineração é um dos maiores setores e mais dinâmicos da economia nas últimas duas décadas. Situação que ganha destaque maior nos países da América Latina. "Desde a década de 90, América Latina se converteu em um destino seguro para os investimentos das empresas mineiras transnacionais, ao ponto que os informes do Banco Mundial indicar que na região o aumento da exploração mineira foi de 400% diante de um aumento global de 90%”, revela.
A apresentação destaca que, em muitos casos, a atividade mineira está caracterizada pela exploração dos recursos naturais de países em desenvolvimento por empresas estrangeiras beneficiadas por uma série de vantagens, como ausência de impostos e presença de mão-de-obra barata. "Uma vez que os recursos são esgotados, a companhia se retira e a região deve afrontar os consequentes problemas de desemprego, contaminação e dependência”, comenta.
Segundo o documento, atualmente é essa a realidade encontrada na Colômbia. "Os conflitos sociais e ambientais se produzem em todo o território nacional diante da incapacidade do Estado para administrar de maneira ‘eficiente' o recurso mineiro tanto por seu desconhecimento do estado das jazidas como pela carência de auditorias efetivas que garantam a geração de utilidades tributárias para a nação”, acrescenta.
A apresentação cita como exemplo a situação dos municípios de Marmato, no departamento de Caldas, e de Cajamarca, em Tolima. De acordo com o documento, o município de Marmato vive a "iminente” mudança – que acarretará na "desconfiguração espacial, territorial, social, econômica e cultural” - por conta da construção de uma mina a céu aberto para extrair ouro de uma montanha na qual havia se instalado uma comunidade. A população, segundo o comunicado, não foi consultada sobre o projeto.
Outro exemplo é o caso do projeto de exploração a céu aberto da mina La Colosa, em Cajamarca, Tolima. O projeto, a cargo da empresa transnacional AngloGold Ashanty, é alvo de críticas por estar localizado em uma área de reserva florestal, caracterizada pela diversidade biológica e pela grande quantidade de fontes de água, e reconhecida pelo Ministério do Meio Ambiente, Moradia e Desenvolvimento Territorial. "Nestas circunstâncias, não só se encontra em risco o meio ambiente e a soberania alimentar de um importante número de colombianos, mas também a vocação agrícola de muitos camponeses colombianos que não serão recebidos pela locomotiva mineira”, comenta.
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