Mais da metade do cerrado brasileiro já foi desmatada
O cerrado brasileiro já perdeu quase metade de sua cobertura florestal original, revelam dados preliminares de um estudo inédito do Ibama e do Ministério do Meio Ambiente.
Uma área de quase um milhão de quilômetros quadrados foi devastada pelo avanço de plantações de soja, da pecuária e da exploração de madeira para produção de carvão para siderúrgicas, informa Catarina Alencastro em reportagem publicada neste domingo no jornal Globo, 06-09-2009. Só de 2002 a 2008, pelo menos 120 mil km² teriam sido destruídos. Os números oficiais deverão ser divulgados na próxima sexta-feira, Dia do Cerrado.
Principal produtor de grãos do país, o cerrado brasileiro responde por 5% da biodiversidade do planeta e é considerado a mais rica savana do mundo. É estratégico na área de abastecimento de água e energia, pois abriga nascentes das três principais bacias hidrográficas brasileiras. O Ministério do Meio Ambiente prepara um plano de preservação da região, com monitoramento periódico dos índices de desmatamento, como ocorre na Amazônia.
- É uma taxa alta, mas não é surpresa, porque o Cerrado vem sofrendo com o desmatamento desde os anos 1970. A má notícia é que continua acontecendo - disse Braulio Ferreira de Souza Dias, da Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente.
- Nesse ritmo, em pouco tempo vamos chegar a um estado preocupante. Se a gente comparar com a Mata Atlântica, que levou mais de 500 anos para perder 93% de sua cobertura, o Cerrado está sendo destruído muito mais rapidamente - observou Cesar Victor do Espírito Santo, do Conselho da Rede Cerrado, que congrega mais de cem ONGs.
Segundo o último estudo oficial, feito pela Embrapa Cerrados com base em dados de 2002, 39% do bioma haviam sido destruídos até aquele ano. Os dados a serem apresentados esta semana tiveram mudança na metodologia e dão conta de que o desmatamento ocorrido até aquele ano era um pouco maior: 42%. No período estudado pela Embrapa, as áreas com menor preservação eram encontradas na porção sul do Cerrado: sul de Goiás, Triângulo Mineiro, São Paulo e Mato Grosso do Sul.