Paraná tem maior derrubada contínua de Mata Atlântica
Prensa
Agência Estado, Brasil, 26-4-01
Paraná tem maior derrubada contínua de Mata Atlântica
São Paulo -
O maior desmatamento em área contínua de Mata Atlântica dos últimos 15 anos ocorreu no Paraná, entre 1997 e 2000, segundo o Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, divulgado hoje, em Foz do Iguaçu, pela Fundação SOS Mata Atlântica e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Trata-se de uma área negociada entre a antiga empresa Giacomet Marodin, atualmente chamada Araupel, e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para o assentamento de 1.474 famílias, em duas áreas contíguas, de 16.852 e 9.400 hectares, decretadas, respectivamente, em janeiro de 1997 e agosto de 1998.
O atlas avalia a evolução da cobertura florestal, a cada período de 5 anos, com base em imagens de satélite obtidas desde 1985, e nunca havia registrado um desmatamento contínuo tão grande, em todo o Domínio da Mata Atlântica, que abrange 17 estados brasileiros. Este fragmento desmatado representa 27% do total de florestas derrubadas no Paraná, no período 1995-2000, e está totalmente inserida no município de Rio Bonito do Iguaçu, que perdeu ainda outros fragmentos florestais, somando 17.117 ha.
"Devido à alta pressão antrópica e graves impactos sobre os remanescentes florestais de elevada importância, esta área havia sido considerada, no workshop de prioridades de conservação da biodiversidade, promovido pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), como prioritária para a conservação da biodiversidade, apesar de insuficientemente conhecida. Mesmo assim, a floresta foi suprimida, antes mesmo de ser estudada", diz Márcia Hirota, da SOS Mata Atlântica.
Recordista histórico
No total, entre os anos de 1995 e 2000, o Paraná perdeu 60.146 hectares de Mata Atlântica, 878 hectares de floresta de restinga e 3,5 hectares de mangues. Restam agora apenas 8,27% de sua cobertura florestal original. Depois de Rio Bonito do Iguaçu, os municípios que mais perderam remanescentes florestais foram Coronel Domingos Soares (4.002 ha), Bituruna (2.838 ha), Guarapuava (2.697 ha), Nova Laranjeiras (1.813 ha), Mangueirinha (1.732 ha), Palmas (1.309 ha), Clevelândia (1.249 ha) e Candói (1.094 ha). Cada município receberá a carta correspondente, onde estão localizados estes desmatamentos e os remanescentes intactos, para facilitar a tomada de medidas de proteção ambiental e reversão da fragmentação.
A pior situação é das matas de araucária, a riqueza natural mais característica do estado, reduzida a 8,21% de sua extensão original. Mesmo onde ainda existem, estas matas estão extremamente degradadas, devido à exploração predatória.
"O Paraná está novamente entre os estados recordistas em desmatamentos, reiterando seu histórico de destruição sistemática de florestas nativas", comenta Mário Mantovani, da SOS Mata Atlântica. "As florestas paranaenses não são vistas como estoques estratégicos de biodiversidade nem como reservas responsáveis por diversos serviços ambientais, mas como algo a ser conquistado".
Para ele, "o estado deve satisfações à sociedade brasileira e só pode reverter este quadro a partir de uma reação pública, que já se manifesta na colaboração entre entidades ambientalistas locais e nacionais, mas ainda precisa se generalizar na sociedade paranaense".
Ainda conforme o levantamento, as maiores extensões de florestas ainda intactas do estado estão na Serra do Mar, em áreas de relevo acidentado, e no Parque Nacional do Iguaçu. Com a acuidade permitida pela nova escala utilizada no estudo, verificaram-se muitos desmatamentos pequenos nas encostas da Serra do Mar, sobretudo na parte baixa, devido à expansão urbana. No Parque Nacional do Iguaçu, a ameaça é a Estrada do Colono, que corta o perímetro protegido no sentido Norte-Sul, seccionando um fragmento de 7.200 há e apresentando-se como um vetor de degradação da mata.
O Atlas inclui 10 estados de ocorrência da Mata Atlântica - Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Bahia e Goiás - e foi feito com imagens dos satélites Landsat 5 e 7, na escala 1:50.000, considerando-se os desmatamentos acima de 10 hectares. O Paraná é o segundo estado a ter os números divulgados. O primeiro foi o Rio de Janeiro, no início deste mês.
 
 
Liana John
Volver al principio
Principal- Enlaces- Documentos- Campañas-- Eventos- Noticias- Prensa- Chat