Brasil quer vetar regulações ambientais para agrocombustíveis
Mais uma vez o governo brasileiro vai priorizar os interesses econômicos ao invés do meio ambiente nas negociações sobre agrocombustívies na Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) das Nações Unidas
A 10ª Convenção será realizada em Nagoya, no Japão, de 11 a 29 de outubro. Segundo informações do Itamaraty publicadas pelo Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis, o Brasil deve se comportar como na Conferência anterior. Há dois anos, os diplomatas brasileiros chegaram a ser vaiados por defenderem que os combustíveis feitos de plantas não obedeçam ao princípio da precaução.
Este princípio é um pilar central dentro da Convenção de Diversidade Biológica. Ele diz que se não há certeza científica de que uma ação não cause riscos à biodiversidade a ação não deve ser tomada.
O problema dos agrocombustíveis é semelhante aos problemas gerais da monocultura. Eles são produzidos sozinhos em grandes extensões de terra, com muito uso de agrotóxico. Além disso, os agrocombustíveis ocupam áreas que poderiam ser utilizadas para plantação de alimentos. Tudo isso gera pressões sobre o meio ambiente e sobre a agricultura familiar.
Também é motivo de preocupação o papel pioneiro do Brasil nas pesquisas de cana-de-açúcar transgênica. Estes organismos modificados em laboratório geram enormes impactos sobre os tipos de vida e podem ser liberados para uso comercial em breve.
O diretor do Departamento de Energia do Ministério de Relações Exteriores, André Corrêa do Lago, sustenta que os agrocombustíveis não deveriam ser discutidos na Convenção de Diversidade Biológica porque são temas de outras convenções.
Para Lago, "nada seria aprovado, se examinado do ponto de vista exclusivo dos impactos sobre a biodiversidade". Ele afirmou pelo Itamaraty que para o desenvolvimento de países pobres, as vantagens dos agrocombustíveis são mais importantes que as desvantagens.
O posicionamento preocupa movimentos sociais e organizações socioambientalistas. Reunidas em Brasília quase 70 destas entidades propuseram ao governo brasileiro que o posicionamento seja revisto. Eles classificam como inaceitável que a posição do Brasil se paute por interesses econômicos sem levar em conta o meio ambiente.