Brasil - Sementes da resistência: Encontro reunirá núcleos de agroecologia de todo o país
"Esta é a primeira vez que os Núcleos de Agroecologia se reúnem nacionalmente para refletirem sobre suas práticas e as formas de atuação dessa extensa e diversa rede de pesquisadoras/es, educadoras/es, agricultores/as, estudantes e parceiros atuantes em diferentes territórios".
O Encontro Nacional dos Núcleos de Agroecologia acontecerá no Centro de Formação Vicente Cañas – CFVC, em Brasília, nos dias 08 (á noite), 09, 10 e 11 de setembro de 2017 en Rua São Bernardo (sn) Chácaras Marajoara A – Jardim Ingá CEP: 72.800-000 – Luziânia-GO.
Sim, é possível construir – dentro e fora das universidades – caminhos para que o ensino, a pesquisa e a extensão possam seguir juntos. Essa é uma das principais propostas dos Núcleos de Agroecologia apoiados, desde 2010, pelos editais públicos construídos pelo CNPq, em parceria com diferentes ministérios.
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Desde então, mais de 282 Núcleos de Agroecologia foram criados e estão enraizados nas cinco regiões do país. Para além de projetos, os Núcleos são considerados espaços dialógicos onde acontecem os processos contínuos de formação e interação nos territórios onde estão inseridos. Para Irene Cardoso, presidente da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA) e coordenadora do projeto de Sistematização de Experiências, “Os Núcleos representam a continuidade de um trabalho muito anterior construído pelos grupos de agricultura alternativa nas universidades e nos órgãos de pesquisa e extensão. Os Núcleos, apesar de muitos desafios, ao reconhecerem que os saberes das comunidades são legítimos, se tornam mananciais de práticas inovadoras que ampliam a forma de compreender a ciência, construir o conhecimento e, assim, transformar a realidade”, explica ela.
O saber científico e os saberes das práticas: a construção de um novo futuro:
Não é de hoje que as diferenças entre o conhecimento científico, os olhares dos extensionistas e a sabedoria do povo na agricultura, são objetos de análise e debate. O que está em jogo é a construção de metodologias que respeitem o direito das comunidades, reconheçam seus saberes e superem a visão imposta pela Revolução Verde.
Os Núcleos, como espaços de formação e apoio às experiências locais, se tornam ambientes de aprendizagem onde a vida das pessoas também se transforma. Em parceria com as comunidades, em diversos territórios brasileiros, é possível perceber os resultados desse trabalho: são trajetórias acadêmicas e profissionais que passam a ter a agroecologia como caminho possível; feiras de alimentos saudáveis que são viabilizadas; estratégias de conservação ambiental, do solo, da água e das sementes, o fortalecimento da juventude, no campo e na cidade, são alguns dos muitos exemplos dessa transformação.
Ao fortalecer a luta por uma ciência mais humanizada, territorializada e comprometida com as lutas do povo, a agroecologia estimula a construção de novos caminhos nos quais todas e todos podem ser sujeitos dessa produção de conhecimento.
O I Encontro Nacional: sistematizar práticas, avaliar políticas e apontar caminhos:
Esta é a primeira vez que os Núcleos de Agroecologia se reúnem nacionalmente para refletirem sobre suas práticas e as formas de atuação dessa extensa e diversa rede de pesquisadoras/es, educadoras/es, agricultores/as, estudantes e parceiros atuantes em diferentes territórios.
Estarão presentes mais de 58 Núcleos de Agroecologia diferentes e 26 organizações parceiras convidadas para o encontro, que acontece no Centro de Formação do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), localizado em Luziânia (GO). Além de partilhar os resultados e produtos, chamados de colheitas pelo Projeto de Sistematização, este também será o momento de compreender como os Núcleos, nos últimos anos, articulam e ampliam o acesso às políticas públicas.
Construir caminhos de avaliação das políticas nos quais as transformações reais possam ser percebidas no ensino, na pesquisa, mas, sobretudo, na vida das pessoas é um dos grandes desafios do encontro.
O projeto de sistematização de Experiências foi uma iniciativa nacional animada pela ABA, nos últimos 24 meses, com apoio do CNPq e da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead).
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- Foto por Pablo Vergara.