Brasil: novo modelo econômico só pode ser construído com apoio da sociedade, diz Leonardo Boff
A luta dos movimentos sociais brasileiros contra a desigualdade social, o desemprego e a violência passa necessariamente pela construção de um novo modelo econômico que privilegie a população e não o dinheiro, o capital
Para isso, os eles reivindicam a mudança de relação entre o ser humano e o meio ambiente. No atual modelo econômico, para obterem maiores lucros as grandes empresas superexploram a matéria-prima do solo, alteram a genética das sementes e não se preocupam com a degradação do meio ambiente nem com a saúde ou sustentabilidade da sociedade. Para o teólogo Leonardo Boff, o sistema capitalista está destruindo o planeta.
“A lógica da produção capitalista ela não quer limite nenhum. Ela exaure a natureza, não é cooperativa, é competitiva. Sacrifica todos os ecossistemas a ponto de já termos superado em 25% da capacidade regenerativa da Terra, por sua natureza insustentável. Onde ele chega, cria grande acumulação de um lado e pobreza de outro.
Então, temos que criar um modo de vida sustentável. Isto é, primeiramente é preciso que a sociedade seja sustentável, as pessoas que, individualmente, possam viver e trabalhar direito podendo, no final do mês, pagar as suas contas. Isso é sustentabilidade. “
O teólogo ainda afirma que os centros urbanos devem incentivar a agricultura familiar, que produz a maioria dos alimentos que chega à mesa da população e também elimina os transgênicos.
“A população urbana deve apoiar essas iniciativas, divulgar, ter uma nova consciência. É preciso que ela zele pela qualidade de vida, que depende da qualidade dos produtos, que estes não sejam transgênicos, que não tenham agrotóxicos, e que se proteja, porque a acumulação vai gerar doenças, inclusive o câncer.”