Brasil: advogado diz que prisão de dirigente sem-terra em PE é provocação do governo do estado
“Esta prisão ocorrida na hora do sepultamento representa uma provocação do governo do estado querendo criminalizar mais uma vez os movimentos sociais”
A afirmação é do advogado Marcelo Santa Cruz, do Movimento Nacional de Direitos Humanos a respeito da prisão do coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Jaime Amorim.
Amorim foi preso nesta segunda-feira (21), no município de Itaquitinga (PE) logo após o velório de um dos dois dirigentes estaduais do MST assassinados no final de semana. O processo contra o coordenador que motivou a prisão foi movido pelo Ministério Público Estadual. A acusação é de mau comportamento durante um protesto na frente do Consulado dos Estados Unidos, realizado em novembro de 2005, em Recife. Para Marcelo Santa Cruz, fica evidente a provocação pelas autoridades responsáveis pelo cumprimento da prisão preventiva, a Polícia Militar e a Civil.
“Esta prisão tem por trás dela um objetivo do próprio órgão de repressão do estado de desviar a atenção destas mortes e de apurar a responsabilidade destas pessoas que mataram os dois companheiros. Porque o fato hoje em nível internacional e nacional é a prisão do Jaime e não a morte dos dois dirigentes que é um fato muito mais grave.”
Advogados que acompanham o caso afirmaram que a prisão de Jaime Amorim, expedida pelo juiz Joaquim Pereira Lafayette Neto, é infundada. Eles já entraram com um pedido de “habeas corpus” ao presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco, Fausto Freitas, para a liberação do dirigente. Em nota pública, o MST repudia a prisão arbitrária do coordenador e pede a prisão dos assassinos dos dois dirigentes estaduais, Josias Barros e Samuel Matias Barbosa.