Oceanos correm risco de extinção em massa e da ascensão do lodo

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As atividades humanas estão ameaçando a saúde dos oceanos e os ecossistemas marinhos decaem como uma espiral em queda. E apenas mudanças urgentes e em larga escala podem deter as catástrofes que estão por vir. O terrível prognóstico é de Jeremy Jackson, um professor do Instituto de Oceanografia da Universidade da California, em San Diego, que realizou uma arrojada avaliação dos oceanos (e da saúde deles). Jackson acredita que os impactos causados pelo homem são a base para as extinções em massa e para a grande desorganização ecológica do passado

O estudo foi publicado na edição online de Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). Nele, o cientista cita os efeitos sinérgicos, como a destruição do habitat, a sobrepesca, o aquecimento dos oceanos, o aumento da acidificação e de nutrientes, como culpados da grande transformação de ecossistemas oceânicos complexos. Áreas com intricadas teias alimentares marinhas e com fauna rica estão sendo convertidas em simples ecossistemas dominados por micróbios, pela proliferação de algas tóxicas, águas-vivas e doenças.

Jackson, que é o diretor do Centro de Biodiversidade Marinha e Conservação, observou esta transformação com o aumento do lodo nos oceanos.

"Meu propósito é mostrar quão horrenda é a situação e como as coisas tendem a piorar rapidamente"

-Meu propósito é mostrar quão horrenda é a situação e como as coisas tendem a piorar rapidamente. É como a questão da mudança climática que ignoramos por tanto tempo. A situação nos oceanos poderia ser pior, porque estamos tão perto do precipício, em muitos aspectos

Jackson sintetiza uma série de estudos sobre saúde dos ecossistemas marinhos, além da análise dos impactos da sobrepesca histórica. O novo estudo se expande para incluir áreas ameaçadas pela enxurrada de nutrientes que as tornam "zonas mortas" de baixo oxigênio.

O professor ainda avalia o potencial destrutivo a partir da combinação de vários fatores. Como, por exemplo, a mudança climática pode exacerbar o estresse do ambiente marinho, já transtornado com o excesso de pesca e pela poluição.

"Todos os tipos diferentes de dados e de métodos de análise apontam na mesma direção: de que há uma degradação cada vez mais rápida e drástica dos ecossistemas marinhos", escreve Jackson em seus trabalhos.

"Se queremos ter os recifes de corais no futuro, vamos ter de agir e reconhecer que ação precisa ter magnitude"

O professor faz sua análise construindo um gráfico dos ecossistemas marinhos e seus respectivos status de risco. As barreiras de corais (sua primeira área de estudo) estão criticamente em perigo e entre os ecossistemas mais ameaçados. Como elas, estão os estuários e as regiões costeiras, ameaçados pela pesca e pelas correntes. Sob o status de risco, estão as plataformas continentais por conta das perdas de peixes e tubarões. Já o mar aberto foi caracterizado sob o status de ameaça.

-Assim como dizemos que as tartarugas estão criticamente em perigo, eu olhei a totalidade dos ecossistemas, como se fossem uma espécie. A realidade é que, se queremos ter os recifes de corais no futuro, vamos ter de agir e reconhecer que ação precisa ter magnitude - disse

Jackson identificou exploração excessiva, a poluição e as alterações climáticas como os três principais "motores" que devem ser combatidos.

O globo online, Internet, 13-8-08

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