Empresas de alimentos se uniram para pressionar a União Européia a autorizar a entrada de produtos contaminados com transgênicos

Empresas de alimentos, de ração e de biotecnologia se uniram na Europa para pressionar a União Européia a mudar suas regras e autorizar a entrada de produtos contaminados com transgênicos não-autorizados no mercado europeu. As indústrias de ração se queixam da dificuldade de encontrar matéria-prima.

Segundo informou a Agência Reuters (12/06), a encarregada de segurança alimentar da União Européia Androulla Vassiliou já se comprometeu a produzir uma proposta até o início de agosto permitindo menos de 1% de transgênicos não-autorizados nos carregamentos de produtos como milho, soja e arroz. Na legislação européia, não é aceita nenhuma contaminação com transgênicos não autorizados para o consumo e, no caso dos transgênicos autorizados, acima de 0,9% de presença de transgênico, o carregamento deve ser rotulado como transgênico.

Se aprovada, a nova regra produzirá efeitos negativos tanto nos países exportadores como nos importadores. Só as empresas sairão ganhando.

No caso dos importadores, os prejuízos são evidentes, já que os consumidores passarão a encontrar nos mercados produtos não autorizados para o consumo pelas autoridades nacionais. Por exemplo, os franceses teriam que aceitar nos produtos uma certa presença do milho MON 810 da Monsanto, que foi recentemente proibido no país após releitura de dados científicos sobre seus impactos.

A medida também “inspiraria” legisladores e governo brasileiros a propor algo semelhante e abrir as portas para o milho transgênico argentino entrar no Brasil. Lá são 09 variedades cultivadas comercialmente e sem segregação. No caso de uma importação, isso significa que todas poderiam entrar. Com o descontrole que conhecemos, a contaminação do milho brasileiro por essas variedades logo daria para a CTNBio argumentos “científicos” necessários para justificar a liberação de outras variedades de milho transgênico aqui no Brasil.

Pensando nos países exportadores, a medida da União Européia pode forçar novas liberações ou o abandono de qualquer tentativa de segregação da produção, uma vez que o que recado seria interpretado como “a Europa está aceitando”.

Um exemplo? A indústria alemã de rações publicou recentemente uma declaração reforçando o pedido à União Européia, mas dando ênfase especial aos possíveis casos de contaminação pela soja Roundup Ready 2, da Monsanto. Aqui no Brasil essa soja tem apenas algumas permissões para plantio experimental, mas poderia ter sua liberação acelerada com o rebaixamento das normas européias associado ao lobby interno.
Na verdade, por trás da pressão das empresas está o fato de que a coexistência é impossível e que o resultado da liberação dos transgênicos é a contaminação generalizada. Permitir a contaminação da ração européia servirá para abrir mais mercado para as multinacionais de biotecnologia, lá e em outros países.

Rotulagem

Foi adiada a votação do Projeto de Decreto Legislativo que propõe o fim do símbolo da rotulagem e do rótulo em produtos derivados de animais alimentados com ração transgênica. A proposta é da Senadora Kátia Abreu (DEM-TO) e será votada na Comissão de Agricultura do Senado (CRA) após o plenário decidir se a matéria passará ou não também pela Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle.

Em resposta às mensagens recebidas, o Senador Paulo Paim (PT-RS), membro da CRA, afirmou que “sempre defendeu que as pessoas têm o direito e precisam ser informadas que o alimento é geneticamente modificado”.

Continue enviando cartas de protesto aos senadores da Comissão de Agricultura pedindo a derrubada desse projeto! Saiba mais aqui.

Fuente: rb.gro.atpsa@socinegsnartedervil

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