Milhos-inseticidas e batata transgênica são barrados na Europa
A indústria de biotecnologia sofreu mais um revés na última quarta-feira (7), com a decisão da Comissão Européia de pedir à sua agência de segurança alimentar para que analise novamente três cultivos geneticamente modificados, dois de milho e um de batata. Os três produtos estavam para receber a aprovação definitiva, o que não acontece para um cultivo transgênico na Europa há 10 anos
A decisão é um voto de desconfiança no sistema europeu de aprovação de transgênicos e levanta sérias preocupações sobre a habilidade da agência de conferir a segurança dessas plantações. E também mostra que as autoridades européias estão começando a ter sérias dúvidas sobre a segurança de plantações transgênicas. Especialistas e instituições internacional, como a Organização Mundial de Saúde e o Instituto Pasteur, têm levantado dúvidas sobre os efeitos desses cultivos no meio ambiente e na saúde das pessoas.
A Agência Européia de Segurança Alimentar terá que rever os seguintes itens:
- Opinião prévia sobre a segurança da batata geneticamente modificada (da Basf) depois das preocupações levantadas por instituições internacionais como a Organização Mundial de Saúde (OMS), Instituto Pasteur e a Agência de Medicina Européia. A batata transgênica contém um gene que lhe dá resistência a certos antibióticos que são relevantes para a saúde humana e animal.
- Avaliação prévia sobre duas variedades de milho transgênico, criados para produzir seus próprios inseticidas. Apesar da grande controvérsia científica sobre a segurança de transgênicos inseticidas, a Agência de Medicina afirmou que ambas as variedades em questão eram seguras. A Agência então reconheceu que era incapaz de determinar os impactos ambientais indiretos e de longo prazo. No mês passado, a Comissão Européia concordou que a Agência precisaria pelo menos dois anos para desenvolver sua capacidade de avaliar esses impactos dos transgênicos.
O Greenpeace e a ONG Amigos da Terra (Europa) querem que a Agência seja reformada, para assegurar que suas opiniões sejam científicas e imparciais. A agência tem poucos funcionários e carece de especialistas apropriados para cumprir suas obrigações legais na avaliação dos riscos dos transgênicos na Europa.
"O resultado do debate na Comissão Européia é um claro indício de que a Agência não inspira confiança", afirmou Marco Contiero, diretor da campanha de Transgênicos do Greenpeace Europa.