ONU retrata Terra devastada e prevê um futuro sombrio
Prensa
O Globo on line, Brasil, 24-5-02
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ONU retrata Terra devastada e prevê um futuro sombrio
LONDRES. O mais amplo estudo sobre a saúde da Terra realizado nos últimos dez anos traçou um futuro sombrio para o planeta, caso medidas urgentes para combater o desenvolvimento desordenado não sejam tomadas. Preparado pelo Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (Pnuma), o relatório indicou que mais de 70% da superfície do planeta serão afetados pela ação humana nos próximos 30 anos. A América Latina e o Caribe são as regiões sob maior ameaça.
De acordo com o estudo, realizado por mais de mil especialistas, um quarto dos mamíferos estará extinto ao longo das próximas três décadas. A pesquisa mostrou que hoje metade dos rios já está poluída, 15% do solo estão degradados e 80 países sofrem com escassez de água.
Metade da população mundial não terá água
O relatório "Previsão Ambiental Global 3" analisou dados colhidos desde 1970 e mostra que o desenvolvimento desordenado - que vai trazer mais estradas, fazer cidades incharem e ampliar atividades econômicas de impacto ambiental, como a mineração - será responsável pela modificação de 80% das terras latino-americanas.
- É o mais significativo documento sobre onde estivemos, onde chegamos e para onde vamos - afirmou o diretor do Pnuma, Klaus Toepfer.
O documento mostra que há 2,2 bilhões de pessoas a mais do que em 1972. Cerca de dois bilhões de hectares de solo, ou 15% da superfície do planeta, foram degradados pelo homem.
Desde 1990, as florestas do mundo foram reduzidas em 2,4%. Segundo o relatório, em três décadas, 50% da população do mundo viverão em áreas de escassez de água. O oeste da Ásia tende a ser a região mais afetada, com 90% da população sofrendo com a falta de água.
O relatório identifica mais de 11 mil espécies de animais e plantas ameaçadas de extinção. Uma em cada oito espécies de aves está em perigo, além de cinco mil diferentes plantas e quase mil mamíferos, um quarto das espécies do mundo.
Fatores responsáveis pela extinção dos mamíferos continuam aumentando de intensidade, diz o Pnuma.
A destruição dos habitats dos animais e a introdução de espécies invasoras são os maiores responsáveis pela perda de biodiversidade no mundo. Entre as espécies de mamíferos ameaçadas de extinção estão o rinoceronte negro e o tigre siberiano.
Segundo o Pnuma, os fatores que levaram à extinção de espécies em épocas recentes continuam ocorrendo, com cada vez mais intensidade. O estabelecimento do homem em regiões selvagens remotas e a ação da indústria tiveram um impacto dramático na sobrevivência de plantas e animais ameaçados.
Os especialistas reunidos pelo Pnuma disseram que as drásticas mudanças pelas quais está passando o planeta agravarão o problema da fome, de doenças infecciosas e tornarão tragédias climáticas mais freqüentes.
O relatório informa que muitos problemas poderiam ter sido amenizados se os governos tivessem implementado os tratados e convenções aprovados desde a Rio 92. Isso inclui o Protocolo de Kioto (um desdobramento da Convenção de Mudanças Climáticas), a Convenção de Biodiversidade e a Agenda 21.
Acordos da Rio 92 não saíram do papel
Embora, em tese, tenham o apoio da maior parte dos governos, os acordos da Rio 92 nunca saíram efetivamente do papel.
O relatório do Pnuma disse que a situação da América Latina é particularmente preocupante porque, além de sofrer com poluição, superpopulação e escassez de água que afetam boa parte do mundo, a região tem alguns dos maiores índices de desflorestamento do planeta.
Dos mais de 400 milhões de hectares de florestas derrubados nos últimos 30 anos, mais de 40% correspondem à América Latina.
Toepfer disse que a Rio+10 será uma oportunidade para os países reverem seus planos de desenvolvimento e discutirem soluções para o futuro do planeta. A conferência será realizada em Johannesburgo, na África do Sul.
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